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speakers-129535_geralt_pixabayEm dez anos, a área de canal de denúncias da ICTS Outsourcing, empresa de gestão de riscos, ética e compliance, recebeu e tratou mais de 170 mil relatos de 229 empresas. A análise da evolução anual do registro dessas denúncias indica que fatos como a eclosão da operação Lava Jato e a promulgação da Lei Anticorrupção, bem como a maior atenção dada na sociedade sobre a exposição de situações de assédio moral e sexual, vêm impulsionando o uso desse instrumento no ambiente corporativo.

Segundo o levantamento, de 2014 a 2017 o número de denúncias teve um aumento de 52,6%, considerando-se uma amostra de 50 empresas que utilizam o canal há quatro anos. Nesse grupo foram coletados 17.572 relatos no biênio 2014 e 2015 e, entre 2016 e 2017, o volume de denúncias registrados foi de 26.524 relatos.

A pesquisa traz outros indicadores de uso efetivo do canal de denúncias como um instrumento de fortalecimento do ambiente ético e transparência nas relações internas e externas das organizações. Um exemplo é a redução do tempo que as empresas levam para apurar as denúncias recebidas, que caiu 43,6% nos últimos cinco anos e, em 2017, alcançou a média de 36 dias.

Outro indicador é o incremento de 12,1% no volume de denúncias sobre a camada de líderes das empresas, demonstrando o crescimento da confiança dos denunciantes, em sua maioria colaboradores ( 86,2% do total) sobre a segurança no uso do canal e seus resultados práticos.

Além dos próprios funcionários, fornecedores e clientes vêm também fazendo maior uso dos canais de denúncia corporativos. Segundo a pesquisa, as manifestações provenientes desses grupos representaram 11,3% dos registros. “Uma ação mais efetiva das empresas na divulgação e disponibilização dos seus canais de denúncias para seus públicos externos, combinada com a maior exigência do mercado sobre ética e integridade em suas relações comerciais e de consumo, impulsiona os relatos de fornecedores e clientes”, explica Cassiano Machado, sócio-diretor da ICTS.

Quando se analisa o perfil dos tipos de denúncias mais realizadas, 42,7% referem-se a problemas de relacionamento interpessoal. Dessa fatia, os casos mais recorrentes foram de práticas abusivas, como assédio moral e sexual, agressão física, discriminação e preconceito, que representam 26% do total. Relatos sobre ilícitos e má intenção somaram 33,8% e o descumprimento de políticas, normas e procedimentos internos representaram 23,5% das denúncias feitas.

Verifica-se ainda que a maior parte dos registros de denúncias foi realizada por homens, que efetivaram 60,1% dos relatos contra 39,9% feitos por mulheres. Segundo Cassiano Machado, até meados de 2016 havia uma leve predominância do público feminino, em torno de 53%, na manifestação de práticas abusivas (assédios, agressões, discriminação). Porém, o cenário se inverteu em 2017 com o público masculino registrando agora 54% destes tipos de situação. “Isso pode indicar uma maior sensibilização e preocupação do público masculino em relação a esses temas e seus impactos negativos no ambiente de trabalho e na reputação das organizações”, completa Machado.

O líder continua a ser o agente mais denunciado nas empresas, com 55,9% dos registros em 2017, o que corrobora a importância do anonimato no processo de registro das denúncias e, não por acaso, as denúncias anônimas são a opção preferida pelos denunciantes: 69,7% dos relatos.

Com relação à forma de contato com o canal de denúncias, nota-se uma evolução no uso do contato telefônico, versus o registro eletrônico via internet ou e-mail. No grupo de empresas com operação há mais de 5 anos houve um incremento de 15,3% no uso do contato telefônico entre 2014 e 2017, ou seja, de 43,2% para 49,8% do total de registros.

O efeito desse movimento é sentido na efetividade da apuração das denúncias e, consequentemente, no benefício produzido pelo canal de denúncias. Como as denúncias realizadas via contato telefônico permitem uma coleta mais rica de informações dos denunciantes, seu índice de confirmação é 19% maior quando comparado aos casos registrados via internet.

 

Imagem de abertura: Geralt/Pixabay