Em tempos de crise, é comum, diante do desemprego, mais pessoas procurarem por cursos e especializações para ter um diferencial no currículo e driblar a alta concorrência no mercado de trabalho. No entanto, segundo a Companhia de Estágios, um público em especial tem enfrentado maior dificuldade na hora de investir na carreira: os jovens entre 18 e 24 anos, segundo a Companhia de Estágios. O problema é agravado pelo fato de que esse público é, justamente, o mais afetado pelo corte de vagas do mercado, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): a taxa de desemprego nessa faixa etária supera os 25%, mais que o dobro da média nacional.
Currículo desatualizado
No levantamento, a Companhia de Estágios ouviu 5410 estudantes de todas as regiões do país, a grande maioria universitários. Dessa parcela, 58% ainda estão fora do mercado de trabalho e buscam uma vaga de estágio.
Segundo a pesquisa, 27% desses jovens não conseguiram, em 2017, fazer qualquer tipo de investimento na carreira devido à crise. E, pelo mesmo motivo, 43% adiaram os planos de fazer um curso de idiomas ou uma especialização.
O número, entretanto, é inferior ao de 2016, quando 30,5% dos entrevistados apontaram a mesma dificuldade, ou seja, praticamente um terço dos candidatos a estágio está “estagnado”, sem conseguir investir na carreira, há pelo menos dois anos.
Para Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, o fenômeno é um sinal de alerta, pois a concorrência também está alta no mercado de estágios.
“De acordo com a nossa pesquisa, os jovens estão priorizando a busca pelo estágio: identificamos que eles se candidataram mais para esse tipo de vaga do que para postos celetistas nos últimos dois anos. Para ter uma ideia, nesse mesmo período, o número de inscritos nos processos seletivos subiu 15%. Com esse aumento, é natural que os recrutadores fiquem mais criteriosos na análise do currículo. Por isso, é fundamental que o estudante busque alternativas para se manter competitivo”, aconselha.
Orçamento familiar
O problema pode ser explicado por outro efeito colateral da crise: a queda na renda dos brasileiros. Segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada em abril pelo IBGE, o rendimento proveniente exclusivamente do trabalho encolheu, em média, R$ 12/mês entre 2016 e 2017. Para a parcela mais pobre da população, as perdas subtraíram até R$ 47. Considerando que, de acordo com a pesquisa da Companhia de Estágios, 46% dos candidatos a estágio não participam do orçamento familiar e 28% têm os gastos com educação custeados por familiares, é possível compreender porque muitos não conseguiram investir em cursos extracurriculares nos últimos anos.
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