Por Jerônimo Mendes*
Há dias em que a gente não quer sair da cama. Segunda-feira, por exemplo, é um deles, principalmente para aqueles que estão fazendo algo apenas para sobreviver em vez de exercer a sua vocação original.
Apesar da liberdade de escolhas que pode ser exercida por qualquer pessoa, as coisas não são tão simples assim. Mudar requer coragem, renúncia, disciplina e amadurecimento, porém é uma questão de hábito. Digo isso por experiência própria.
No auge da minha impetuosidade juvenil, eu era conhecido no mundo corporativo como “general” em virtude do meu jeito autoritário, arbitrário e, muitas vezes, rude de exigir o cumprimento das normas e procedimentos da empresa.
Por mais que estivesse tentando cumprir a política, e sob o meu ponto de vista eu estava sempre certo, a imposição das ideias a qualquer preço não contribuiu em nada para o meu crescimento profissional. Eu poderia ter ido mais longe, mas, infelizmente, paguei um preço alto pela minha dureza de espírito.
Quando você tem o poder na mão, é fácil migrar de querido a odiado em fração de segundos
Por conta disso, arranjei desafetos ao longo do caminho e nunca compreendi muito bem o motivo, afinal, estava simplesmente cumprindo o papel que me foi atribuído na condição de responsável pela coordenação do setor.
Quando você é líder e tem o poder na mão, é fácil migrar de querido a odiado em fração de segundos, principalmente se você ocupa um cargo de mesmo nível hierárquico e na sequência se vê obrigado a mudar de postura pelo fato de ter se tornado líder dos seus próprios colegas.
Se estava cumprindo as normas da empresa, qual era o problema? Era bem simples, faltava-me o jogo de cintura, o equilíbrio ou a flexibilidade tão necessária para enfrentar a pressão do dia a dia.
Na prática, eu ignorava por completo a teoria da evolução das espécies, tão bem fundamentada por Charles Darwin: “Não é o mais forte, nem o mais inteligente, que sobrevive, mas aquele que melhor se adapta”.
A despeito de todos os acontecimentos, demorei a captar a essência do ambiente corporativo. De maneira geral, as pessoas não estão muito preocupadas com normas, políticas e procedimentos. Embora isso seja importante, o que lhes interessa é a própria condição dentro da organização.
Se as prioridades da empresa estão em consonância com as suas necessidades, ótimo, caso contrário, meras formalidades são apenas condições transitórias que podem ser atropeladas até o próximo “puxão de orelha” ou o próximo emprego. Há quem diga que o importante é fazer as coisas acontecerem.
O fato é que a gente demora a reconhecer o erro, pois, num primeiro momento, tem tudo a ver com o orgulho e a necessidade de autoafirmação. Geralmente, a mudança vem precedida de demissão, advertência ou mesmo de uma rejeição em equipe em virtudes dos excessos, o que não é simples de aceitar tampouco fácil de reverter.
Não basta formação adequada, conhecimento técnico, saúde, disciplina e experiência
Apesar de tudo, eu consegui sobreviver, pelo menos até o dia em que fui demitido pela primeira vez. Levarei essa experiência comigo para o resto da vida. Não posso dizer que a demissão é algo maravilhoso, mas a bagagem que se constrói a partir de uma adversidade como essa é incrível.
Depois da minha primeira e única demissão, descobri uma série de atitudes que me levaram a me tornar um pai melhor, um marido melhor, um profissional melhor, um filho melhor, enfim, uma pessoa melhor em todos os sentidos.
Portanto, não basta formação adequada, conhecimento técnico, saúde, disciplina e experiência. Muitos têm tudo isso de sobra e, mesmo assim, não saem do lugar. O que mais lhes falta? Vou lhe dizer aqui em letras garrafais: A T I T U D E!!!
Por meio da atitude, aprendi que…
- É preciso respirar antes de tomar uma atitude drástica.
- Ninguém é melhor nem pior do que ninguém.
- Ninguém é dono da verdade.
- A realidade é o que ela é, não o que gostaria que fosse.
- A melhor maneira de ganhar uma discussão é evitá-la.
- Pontos de vista pessoais interessam somente a você.
- Cargos, empregos, status e sucesso são transitórios em qualquer parte do mundo.
- As pessoas em geral possuem mais coisas boas do que coisas ruins.
- Quem sofre antes do necessário sofre mais do que o necessário.
- Ação combinada com paixão é o melhor combustível para o sucesso.
- As palavras ensinam, os exemplos arrastam.
- Feito é bem melhor do que perfeito.
- Não precisamos nos amar para vivermos em harmonia.
Aprendi também que algumas coisas apenas o tempo é capaz de ensinar; outras, porém, ninguém precisa esperar pra aprender. Por fim, aprendi que não se pode mudar o inevitável; “a vida é dez por cento do que me acontece e noventa por cento da maneira como eu reajo ao que me acontece”.
Não é o governo, nem o patrão, nem o salário e nem a sorte que projetam a sua imagem positiva ou negativa em relação ao futuro. É você, e mais ninguém, o responsável maior pela construção do seu próprio caminho.
A atitude muda tudo!