Por Claudia Klein*
O termo transformação digital vem roubando a cena nas organizações de todos os setores ao redor do mundo e tem sido utilizado para nomear um grande desafio que as empresas estão enfrentando, especialmente aquelas constituídas antes do uso difundido da tecnologia.
A onipresença da tecnologia alterou muitas das regras que orientavam o desenvolvimento dos negócios. A antiquada visão do uso da tecnologia como um recurso ou como uma área de suporte deu lugar ao reconhecimento do seu papel central em qualquer organização.
As empresas estão diante da necessidade real de repensarem, por exemplo, modelos de negócio, estruturas socioeconômicas, posicionamento, cultura e padrões organizacionais. Esse pacote nos permite afirmar que a transformação digital, antes de ser um desafio de marketing ou de aplicação da tecnologia em si, é, na verdade, um desafio de gestão.
Estamos assistindo a mudanças radicais na forma como as pessoas vêm conduzindo os seus processos de mudança
À frente desse desafio e dos seus respectivos desdobramentos estão as pessoas, aliás, perspectiva essa que não sofreu alterações desde a era pré-digital. Mas, por outro lado, estamos assistindo a mudanças radicais na forma como as pessoas vêm conduzindo os seus processos de mudança para se manterem ativas nesse contexto de transformação digital.
Eu tenho me referido a esse esforço como transformação profissional, um processo em que as pessoas devem, deliberadamente e continuamente, refletir sobre as alternativas que desejam perseguir e quais decidem deixar para trás quando o foco é a sua própria carreira. Um processo em que o indivíduo se coloca como o principal responsável, como o protagonista da sua trajetória profissional.
A palavra “protagonista” deriva do grego protagonistes, de protos, “primeiro ou principal”, mais agonistes, “lutador, competidor”.
Em um ambiente organizacional cada vez mais dinâmico, complexo, competitivo e cheio de possibilidades, a figura do profissional autogerenciável tornou-se essencial à medida que observamos um movimento de transferência de boa parte da responsabilidade pela gestão de carreira do empregador para o trabalhador.
Nesse cenário, cabe ao profissional, como protagonista, ousar definir as regras que vai seguir para alcançar seus objetivos.
É essencial não confundir protagonismo com individualismo
Para isso, são necessárias algumas características como: atitude, que funciona como combustível para transformar ideias em ações concretas, proatividade, autocrítica e ambição na medida certa.
Aqui, é essencial não confundir protagonismo com individualismo, porque, no âmbito organizacional e na vida, só crescemos quando as pessoas ao nosso redor crescem conosco.
Para quem deseja assumir o papel de protagonista da sua trajetória profissional, eu preparei algumas estratégias:
1- Aceite que o principal responsável pela construção de uma carreira com significado, independentemente do ambiente e dos outros, é você mesmo.
2- Ouse definir o que é sucesso para você e como saberá os momentos em que ele está presente, com consciência de que pode ressignificar essas definições sempre que desejar.
3- Mantenha um plano de ação como uma referência, permitindo espaço para o acaso, mas sem deixar para a vida a responsabilidade de te conduzir.
4- Amplie sua autopercepção. Invista tempo e energia para conhecer mais sobre você, como: o que gosta e o que não gosta, o que faz muito bem, que características o diferenciam, e em quais situações e ambientes você melhor reage e tem melhor desempenho.
5- Invista no desenvolvimento contínuo do autoconhecimento, da criatividade, das habilidades de relacionamento e da capacidade de aprender.
6- Valorize sua história de vida, seus sucessos e fracassos. E tenha em mente que é possível transformar derrotas em novas oportunidades.
7- Aceite que não existe uma receita instantânea para o seu sucesso e busque alternativas para sempre seguir em frente e obter bons resultados.
É comum que o profissional se sinta perdido, e até mesmo angustiado, diante desse contexto de mudança. São sentimentos mais do que legítimos quando lembramos que o trabalho é considerado uma fonte de satisfação e de propósito na vida.
Porém, ouso inferir que a opção de não protagonizar a sua transformação profissional vai, no curto prazo, causar mais frustração e insegurança do que a decisão de começar.
Aprender a lidar com o medo e com a angústia faz parte da trajetória do protagonista, que entende que desejar e se mobilizar para realizar não são garantias de que tudo acontecerá como o planejado, mas são indicadores poderosos da melhor direção para continuar.
E você? Qual será o seu primeiro passo para começar hoje a protagonizar a sua transformação profissional?