ABRH Brasil

a3-poster-1296448_OpenClipart Vectors_PixabayO brasileiro está mais propenso a buscar oportunidades de trabalho fora do país. A conclusão é da pesquisa Decoding Global Talent 2018, realizada pelo BCG – The Boston Consulting Group em conjunto com a The Network, que teve a Catho como parceira local.
Segundo a pesquisa, 75% dos 1.358 brasileiros entrevistados estariam dispostos a trabalhar no exterior – há quatro anos, esse índice era de 63%. Os resultados mostram também o Brasil na contramão da tendência mundial: na média, 57% dos 366 mil profissionais ouvidos em 197 países imigrariam em busca de oportunidades profissionais, um número considerável, mas sete pontos percentuais abaixo do registrado em 2014.

A queda na mobilidade é particularmente sentida em algumas economias emergentes. Um exemplo é a China, onde apenas 33% dos trabalhadores estão propensos a buscar oportunidades fora de seu país. Isso representa um aumento significativo no poder de retenção de talentos em relação a 2014, quando a mobilidade chinesa era de 61%. Uma das explicações para esse fenômeno é o forte investimento do país em inovação, o que se mostra um atrativo para os trabalhadores que desejam avançar em suas carreiras.

Profissionais da Polônia, Croácia, Eslovênia e Romênia também reverteram a tendência de quatro anos atrás, ficando agora abaixo da média de mobilidade global. Eles estão entre os países da Europa Central e Oriental cujas economias decolaram e que agora oferecem melhores oportunidades de trabalho.

MOTIVAÇÕES
Dentre as razões que motivam os profissionais brasileiros a saírem do país estão, por ordem de importância: adquirir experiência de trabalho; ampliar a experiência pessoal; encontrar melhores oportunidades de carreira; ter oportunidade de vivenciar uma nova cultura; e conquistar um melhor padrão de vida.

Vale destacar, ainda, que o Brasil também não é um destino relevante para os outros países – está em 23º lugar no ranking global (em 2014, ocupava o 22º). Somos mais atrativos para moradores do Peru, da Angola e da Argentina.

“Os números mostram que jovens e profissionais com maior nível de estudo não enxergam o Brasil como a melhor opção para desenvolver suas carreiras e que esse problema ultrapassa nossas fronteiras, já que também temos dificuldade de atrair estrangeiros. Para lidar com esses desafios e garantir um crescimento sustentável, as organizações precisam mais do que nunca conhecer a fundo os desejos e as expectativas desses profissionais”, ressalta Manuel Luiz, sócio do BCG líder da prática de Pessoas e Organizações.

DESTINOS PREFERIDOS
A pesquisa apontou que os destinos preferidos dos brasileiros são: Estados Unidos, Canadá, Portugal, Austrália, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Itália, França e Argentina.

Já o top 10 dos destinos mais atrativos no ranking global é composto por Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Austrália, Reino Unido, Espanha, França, Suíça, Itália e Japão.

Embora os Estados Unidos ainda sejam o destino de trabalho mais popular em todo o mundo, agora é menos atraente — em meio à volatilidade de sua política nacional. Outros pontos de destaque da pesquisa são a perda de popularidade do Reino Unido (de segundo para quinto lugar) e a ascensão da Alemanha (de quarta para a segunda posição).

Além do Brasil, a vontade de trabalhar no exterior aumentou substancialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido e está acima de 70% em grande parte da África e de 90% na Índia.

Outro recorte relevante é que 67% de especialistas em áreas como design de interface de usuário, desenvolvimento de aplicativos móveis e inteligência artificial ou aprendizado de máquina dizem que estariam dispostos a se mudar. Isso é dez pontos percentuais acima da média global.

O PESO DOS RELACIONAMENTOS
A pesquisa destacou, ainda, uma realidade que deve ser considerada pelas empresas: a ênfase que os profissionais colocam globalmente no bom relacionamento com colegas e superiores e em questões que envolvem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. As prioridades apontadas por eles para ter satisfação em seus empregos, por ordem de importância, foram: boas relações com colegas; bom balanço entre vida profissional e pessoal; bom relacionamento com o superior; oportunidades de aprendizado e treinamento; desenvolvimento de carreira; estabilidade financeira do empregador; estabilidade no trabalho; compensação financeira; apreciação do seu trabalho pela empresa; e um trabalho interessante.

Imagem: OpenClipart Vectors/Pixabay