Em resposta ao cenário adverso nas atividades econômicas do país, os salários de grande parte dos cargos não recuperaram totalmente o valor perdido nos últimos anos. Porém, os níveis de reajuste em 2017 apresentaram melhora em relação aos anos anteriores. Esse é um dos resultados da Pesquisa Nacional de Remuneração e Tendências 2018, realizada pela Deloitte com 133 empresas instaladas no Brasil.
Em 2015, 75% das funções pesquisadas perderam valor em termos de remuneração, ou seja, tiveram reajustes inferiores a inflação. Esse cenário foi modificado em 2017: 53% das funções tiveram recuperação com reajustes acima da inflação, o que amenizou essa perda de valor ocorrida lá atrás.
“O baixo nível de inflação ajuda consideravelmente essa recuperação de valor, já que os percentuais mais baixos permitem às empresas aplicarem reajustes que cobrem a inflação”, explica Edson Cedraz, sócio da Deloitte.
A média salarial ao longo dos anos apresentou crescimento geral de 1% a 9% nos cargos hierárquicos mais altos, gerentes e diretores. Porém, observa-se uma queda nos cargos operacionais, que diminuíram 2%.
Um destaque foi que muitas empresas ainda não utilizam a remuneração variável para todos os níveis hierárquicos e as empresas brasileiras exploram muito pouco os modelos de remuneração, baseadas em incentivos.
Outros achados da pesquisa estão associados à necessidade de as empresas investirem em processos de gestão de RH, assim como planejarem estrategicamente quais posições terão maior valorização, como forma de reter os profissionais mais críticos para as organizações.
FOCO EM T&D
O estudo aponta que, em 2018, as empresas continuam apostando na capacitação de seus profissionais. A principal tendência de investimento na área de Recursos Humanos será em Treinamento e Desenvolvimento (57%). Assim como ocorreu em 2017, mostra mais uma vez o anseio das empresas em obter capital humano mais personalizado e qualificado.
Recrutamento e Seleção é a 2ª área mais citada pelas organizações para receber investimentos, setor que ocupava o 5º lugar em 2017. No ano anterior, em média, 0,92% do faturamento líquido das companhias foi destinado à programas de treinamento, índice que deve chegar a 1,22% neste ano.
DIFERENÇA DE GÊNERO
A 27ª edição da pesquisa também detalhou a participação feminina nas organizações. A conclusão é que, ainda que a quantidade de mulheres em cargos executivos seja muito menor em comparação aos homens, houve um gradativo aumento dessa presença em altos cargos com o passar dos anos.
Em 2017, a média da participação em cargos de gerência e diretoria era de 27% e 16%, respectivamente, enquanto que, em 2018, aumentou para 30% e 19%. “É importante destacar que as empresas brasileiras ainda não estão tão ligadas a esse assunto, mas é uma tendência a se cogitar para um futuro próximo”, declara Cedraz.
Outra informação é a concessão de benefícios aos profissionais: com um aumento de 4% em relação a 2017, esses proventos, sobre a Folha Nominal, chegaram a 28%. Os benefícios mais ofertados pelas companhias são assistência médico-hospitalar, seguro de vida e auxílio refeição.
Imagens: Joel Fotos/Pixabay e ArtsyBee/Pixabay