Métricas de resultados e atualização autônoma farão parte do CV em 2030
O currículo do futuro será um espaço interativo e personalizado, impulsionado especialmente pela inteligência artificial. Até 2030, haverá à disposição uma espécie de plataforma de conhecimento, similar a um portal particular, seguro e capaz de se atualizar automaticamente, contando com comando de voz e recursos de vídeo para que o candidato seja acionado com facilidade e conforto.
Esse é o resultado de um estudo sobre o currículo do futuro realizado pela consultoria Michael Page, especializada em recrutamento para posições de alta e média gerência, que coletou projeções de gestores de alguns mercados em que atua: Estados Unidos, Reino Unido, França, Suíça, Alemanha, Espanha e outros da Europa e Ásia.
O levantamento foi realizado em parceria com a Foresight Factory, empresa de análise de mercados, e as projeções foram registradas entre o segundo semestre de 2017 e o primeiro de 2018 por tomadores de decisão de vários setores da economia.
“Nas próximas décadas o currículo não será apenas uma extensão de carreira. É provável que se transforme num programa de absorção de sentimentos, aprendizados e até de itens favoritos. O currículo do futuro vai atualizar os seus certificados de modo on-line, ou seja, na medida em que você progride em cursos e atividades pessoais, mais fácil será para as companhias entenderem os seus talentos e níveis de desenvolvimento. Competências sociais serão mais valorizadas e a gestão de carreira vai demandar maior conexão com os temas que movem o mundo, sem abrir mão de profundidade nos negócios”, afirma Ricardo Basaglia, diretor-executivo da consultoria.
Do ponto de vista dos candidatos, o currículo do futuro poderá incluir:
– Assistente pessoal (similar aos smartphones) para tratar de seus dados pessoais, estabelecendo interface tanto com humanos quanto com a IA de outros programas.
– Opção de fácil anonimato do CV. O acesso a determinados dados poderá ser regulado.
– Ambiente integrado para documentos e certificados pessoais/profissionais para favorecer a verificação imediata da sua formação acadêmica e de suas competências técnicas.
– Proteção de informações baseada na nuvem com blockchain. Portanto, será uma prova inalterável de experiências anteriores. Na prática, será quase impossível mentir sobre conhecimentos ainda não aprendidos ou experiências não concluídas. Ao contrário do que pode parecer, essa medida protege o candidato de concorrência desleal, nepotismo e viés inconsciente de recrutadores, gestores e até de futuros colegas.
Já do ponto de vista das empresas contratantes, o CV do futuro deverá exigir:
– Comprovação de horas de experiência e aprendizado (tecnologia será aliada nesse processo) a exemplo do que já existe hoje em e-games, por exemplo.
– Um resumo de temas e preocupações sociais, humanitárias, culturais e pessoais de cada pessoa. O CV do futuro vai privilegiar as habilidades subjetivas e fluídas – as soft e liquide skills.
– Acesso fácil e amigável (desde que autorizado pelo candidato) ao feedback de colegas de trabalho sobre os talentos e virtudes do profissional que se candidata a uma determinada vaga. Vídeos, posts e declarações serão facilmente compartilhadas.
– Registros em tempo real de habilidades exigidas para o cargo: como numa rede social, o candidato poderá registrar de maneira informal seus conhecimentos.
– Métricas de conquistas mais bem explicadas (infográficos e apresentações), que favorecerão a visão da companhia sobre o potencial do candidato e os seus resultados. OBS: esse recurso estará alinhado com o padrão de compliance do momento.