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Estudo do Ipea aponta a necessidade de repensar políticas públicas para os jovens

youth-1227130_Pixabay_brO estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar?, lançado no Brasil nesta segunda-feira (3), na sede do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em Brasília, apresenta uma radiografia da juventude da América Latida e do Caribe a partir de dados de 15 mil jovens de 15 e 24 anos, moradores de áreas urbanas de nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

A pesquisa revela que, em média, 21% dos jovens, 20 milhões de pessoas, não estudam nem trabalham; 41% se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 21% só trabalham, e 17% trabalham e estudam ao mesmo tempo.

Realizado pelo Ipea em parceria com a Fundación Espacio Público do Chile, o IRDC (Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento Internacional) do Canadá, e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o trabalho mostra que, apesar das habilidades cognitivas, técnicas e socioemocionais dessa geração, as possibilidades educacionais e as oportunidades do mercado de trabalho limitam o seu desenvolvimento e sua posição na sociedade.

Em todos os países pesquisados, há um contingente expressivo de jovens que não trabalham nem estudam, em sua maioria de famílias com menos recursos. As taxas são maiores no México (25%), em El Salvador (24%), no Brasil (23%) e no Haiti (19%), por razões como crise econômica, falta de políticas públicas, problemas de saúde ou de ordem médica, obrigações familiares com parentes e filhos, entre outros.

Comparação por gênero
As diferenças entre homens e mulheres jovens são evidentes no levantamento. Entre aqueles que não trabalham e não estudam, o número de mulheres chega a ser o dobro de homens.

Esse fenômeno quase triplica em países como El Salvador e Brasil, onde Recife, capital pernambucana, foi escolhida como cidade referência para a coleta de dados.

A pesquisa indica, ainda, que 70% dos jovens que trabalham são empregados em atividades informais. Entre aqueles que estão dentro do mercado formal há uma alta rotatividade de mão de obra.

Apesar de a pesquisa observar que 40% dos entrevistados não são capazes de executar cálculos matemáticos muito simples e úteis para o seu dia a dia, há também resultados animadores: os jovens analisados, com exceção dos haitianos, têm muita facilidade de lidar com dispositivos tecnológicos, como também possuem altas habilidades socioemocionais. Os jovens da região apresentam altos níveis de autoestima e de autoeficácia (capacidade de se organizar para atingir seus próprios objetivos).

Nesse contexto, o estudo pontua a necessidade de investimentos em treinamento e educação dos jovens. Nas conclusões, os pesquisadores sugerem a adoção de políticas públicas que ajudem os jovens a fazer uma transição bem-sucedida de seus estudos para o mercado de trabalho.

As autoras responsáveis pelo estudo com os jovens brasileiros, as pesquisadoras do Ipea Enid Rocha e Joana Costa, destacam que no Brasil há cerca de 33 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos, o que corresponde a mais de 17% da população.

Foto: Pixabay