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Estudo traz a evolução do papel do líder de tecnologia ante as inovações disruptivas
Geralt/Pixabay 

Promover a fluência da tecnologia dentro das organizações, aumentar a sinergia da TI com as demais áreas e se tornar um cocriador de negócios são algumas das atribuições de um líder de tecnologia abordadas no CIO Survey, estudo realizado pela Deloitte que traz o cenário atual, oportunidades de transformação e mudanças pelas quais deve passar o CIO para que sua função permaneça relevante. Em sua terceira edição, o levantamento global entrevistou 1.437 líderes de tecnologia de empresas de 23 setores econômicos. Desse total, 124 são brasileiros.

Um dos fatores avaliados diz respeito à missão do CIO e aquela apontada como a principal, é unânime: transformar ou melhorar as operações dos negócios. Em seguida, os líderes de tecnologia ao redor do mundo consideram que impulsionar a receita e o resultado faz parte de sua missão, enquanto que os representantes nacionais veem a redução dos custos operacionais e/ou de produção como segunda missão mais importante de seu trabalho.

Outro dado que chama a atenção é que, na média global, 40% dos respondentes lideram o desenvolvimento da estratégia digital, mas, no caso do Brasil, apenas 26% estão à frente dela.

“A pesquisa nos dá importantes insights e mostra que aqui no Brasil há ainda um longo caminho a percorrer, como o dado de que o CIO não lidera, na maior parte das empresas, a estratégia digital. Creio que, antes de tudo, exigirá uma mudança de cultura e um protagonismo maior do profissional, que deverá aliar seu conhecimento técnico a uma visão mais holística do negócio”, explica Fabio Pereira, sócio da área de Consultoria em Tecnologia e líder do programa de CIO.

Novas habilidades, como flexibilidade cognitiva, inteligência emocional e criatividade, tendem a ser as mais buscadas pelas lideranças nos próximos três anos.

Em relação à sinergia da área com as demais, Operações e Finanças são aquelas com as quais os CIOs da amostra brasileira têm o relacionamento mais forte: 72% e 66%, respectivamente. No entanto, o relacionamento com a área de Riscos merece ser mais fortalecido, uma vez que 47% consideram o relacionamento forte, ante 71% da amostra global.

Além disso, Riscos de TI e Segurança Cibernética são significativamente menos abordadas em reunião do conselho entre os respondentes do Brasil (36%) do que na amostra global (53%).

No que diz respeito ao cerne da pesquisa –  habilidades esperadas dos líderes de tecnologia e as evoluções pelas quais a área passará no futuro próximo – seis fatores devem funcionar como guias de próximos passos das organizações:

  1. COCRIADORES DE NEGÓCIOS

Os CIOs desejam ir além de seu papel tradicional., apontaram 70% dos entrevistados na pesquisa global. De acordo com eles próprios, o CIO terá um papel mais importante no direcionamento digital nos próximos três anos. Ainda, o profissional de TI espera destinar uma parcela maior de seu tempo (dos 37% atuais para 72% idealmente) a se tornar um cocriador de negócios. No entanto, em menos da metade das empresas pesquisadas no Brasil as áreas de negócios e de TI possuem processos conjuntos de investimentos.

  1. FORÇA DO CAPITAL HUMANO EM TI

Construir equipes de alto desempenho e entregar uma grande mudança organizacional estão entre as principais habilidades necessárias para o sucesso do CIO no futuro. Esse resultado indica que os CIOs esperam atuar de forma ainda mais abrangente e integrada com outras áreas para o fortalecimento da estratégia de negócios da organização.

  1. INTEGRAÇÃO DOS INVESTIMENTOS

No que tange aos investimentos para a área, apenas 38% indicaram ter processos de investimentos em TI bem definidos. Esse resultado indica que os CIOs têm a oportunidade de serem mais diligentes no estabelecimento da governança do investimento em tecnologia. E, apesar dos desafios do cenário econômico brasileiro, 40% das chamadas empresas de vanguarda no Brasil esperam aumentar o seu orçamento destinado à inovação. No entanto, esse alto percentual não se reflete nas empresas mais tradicionais (21%), tampouco nas globais de vanguarda (26%) e comuns (18%).

  1. NOVO PERFIL PARA O LÍDER DE TECNOLOGIA

Para conduzir a transformação da área de TI e assumir um papel mais estratégico e integrado na organização, novas habilidades – como flexibilidade cognitiva, inteligência emocional e criatividade tendem a ser as mais buscadas pelas lideranças nos próximos três anos. Isso indica um papel mais negociador e com foco nas habilidades pessoais para que o profissional de TI possa potencializar o ganho técnico advindo com os novos sistemas e processos.

Habilidades necessárias
Dentre as habilidades necessárias para o sucesso de um CIO, promover a fluência da tecnologia – a capacidade de entender amplamente e discutir com confiança os conceitos de TI – junto aos demais executivos e colaboradores da organização é fator-chave para ajudar a criar uma base de conhecimento compartilhada e otimizar o impacto da tecnologia.

“Por exemplo, os líderes empresariais que entendem os conceitos e benefícios fundamentais das soluções de tecnologia podem ter maior probabilidade de aprovar e obter recursos para conduzir essas iniciativas. Desenvolvedores, estrategistas, executivos de vendas e profissionais de marketing podem colaborar de forma mais eficaz em produtos e ferramentas do cliente”, avalia Pereira.

  1. MODERNIZAR PARA INOVAR

A modernização dos sistemas legados de Enterprise Resource Planning (ERP) para novas gerações é a principal área de foco em relação a plataformas corporativas entre as organizações entrevistadas no Brasil. Esse foco na modernização dos ERPs existentes é importante para que as empresas possam obter agilidade para inovar e escalar. No entanto, os CIOs devem expandir seus esforços de modernização considerando iniciativas de digitalização de finanças, de redes de suprimento digital e de serviços globais do negócio.

  1. TECNOLOGIAS EMERGENTES

“Uma constatação que a CIO Survey traz é que compreender tendências de mercado e disrupturas, usar cases de sucesso como referência e estabelecer parcerias são as principais expectativas na exploração de tecnologias novas e emergentes para os negócios”, ressalta o executivo.

Por exemplo: no Brasil, a adoção de tecnologias em nuvem é realizada com o propósito de reduzir custos (74%), enquanto na amostra global a principal razão é o ganho de escala. Em 2016, 17% da amostra global apontou foco em tecnologias emergentes e, em 2018, esse número cresceu para 40%.

“A conclusão a que chegamos é que o papel do diretor de TI está se expandindo para além de ser um defensor da tecnologia em si. À medida que as organizações se tornam mais digitais, o CIO precisará se tornar um parceiro que ajude a moldar os negócios”, finaliza Pereira.