Por Cesar Rossi, CEO do Grupo BWG*
O que esperar do Futuro do Trabalho em 2020? Hoje, as áreas humanas deixaram de ser limitadas a contratar, treinar, manter (gerir) e desligar pessoas. A 4º Revolução, a revolução tecnológica, ampliou os horizontes, dando ao RH a chance de exercer um papel muito mais “humano”.
Sim! Sejamos sinceros: em muitas empresas, a humanidade está perdida pois os profissionais foram moldados para atender os requisitos da era industrial. Primordialmente orientados por processos, políticas, burocracias e programados como máquinas, as soluções eram criadas de forma quase mecânica, uma espécie de linha de produção.
Portanto, o RH 4.0 vem à tona para redirecionar olhares e esforços para a real essência da área que é cuidar de gente. Mais do que nunca o novo papel do RH é conectar, inspirar, potencializar e encantar pessoas, através de experiências e com propósito.
O RH 4.0 mudou a forma como consumimos, interagimos e também, como trabalhamos, passando pela tecnologia como meio, não como fim. A tecnologia passou a ser um dos principais elementos dessa transformação, inclusive para tornar os profissionais mais humanos. É vital usar toda essa inovação tecnológica para entender, personificar, aprofundar, analisar e extrair a partir disto tudo, conhecimento que retroalimenta esse ciclo de experiências e o que é melhor, tudo isso guiado pelo propósito.
Isso resume a maior influência que esta revolução exerce sobre o RH, permitindo que seu papel seja redesenhado e que seu mote seja construir, manter e evoluir as experiências contidas em todo o ciclo de vida do colaborador. Tudo isso a partir de um propósito claro, real e genuíno, de modo que este contribua de forma significativa para a cultura de alta performance, que por si só, alavanca resultados individuais e coletivos e beneficia tanto pessoas como negócios.
E como o RH deve se comportar perante essas novas tendências? Com o Futuro do Trabalho batendo à nossa porta, é necessário pensar e agir pelo propósito, e acreditem, isso muda tudo! Significados e valores compartilhados, alinhados a um objetivo relevante para elas e para os negócios é a conexão que une esses dois pontos. Quem construirá essa conexão? Os profissionais das áreas de gente! Para isto, a rotina do novo RH está toda voltada a construir experiências e não processos, considerar o “sentir” e não o ser ou estar e isto implica em usar a tecnologia para retomar o que somos: humanos. Por isso, as funções tradicionais do RH serão cada vez mais automatizadas, minimizando níveis operacionais costumeiramente desgastantes.
Assim, com fluxos, processos e dados criados e gerenciados por máquinas, nos restará a parte mais nobre e interessante: criar e recriar, inovar e desenvolver com pessoas, para pessoas. Tudo isto afeta diretamente a forma como os talentos serão atraídos, desenvolvidos e retidos. São desafios novos de multigerações, diversidade, identificação e o famoso “matching”.
Employer branding e Employee Experience incorporam-se à rotina dos RHs, que agora atuam para construir uma marca empregadora que torne sua empresa “objeto de desejo” dos candidatos e o ciclo de vida do colaborador, desde o momento em que ele “conhece” a marca empregadora até o momento em que dela se despede para se dedicar a novos voos. Com isso, toda a jornada do colaborador passa a ser guiada de modo mais fluido, unificado e consistente. A transformação inclui transitar de processos engessados para múltiplas opções, alto nível de personificação, ações baseadas em informação e muito mais.
O instinto e a percepção destes profissionais dão lugar a análise semântica, algoritmos e outros elementos que analisam comportamentos, preferências, desejos e escolhas dos colaboradores, compilando e transformando tudo isso em análise de dados para tomada de decisão, um processo muito mais assertivo. A gestão do conhecimento deixa de ser técnica e passa a ser experiencial.
As pessoas não querem só aprender, elas querem viver, experimentar, testar e aplicar o que aprendem. O desejo de autodesenvolvimento ganha mais força do que nunca e isto cria um divisor de águas: as pessoas não contentam com o conhecimento obsoleto e a pergunta que as rondará é: o que realmente podem fazer com todo esse conhecimento?
A flexibilização das formas de trabalho, seja no ponto de vista prático (como local de trabalho, foco na entrega, trabalhar a qualquer hora e de qualquer lugar, comunidades independentes de talentos dentro da mesma organização), como em aspectos mais burocráticos (como contratação dessas pessoas, legislação e remuneração) já são por si só uma grande disrupção, talvez a maior das vistas nos últimos 20 anos.
Sejamos otimistas ou não com essa projeção, o fato é que a “vida” humana nunca foi tão explorada no ambiente corporativo como agora e coisas como inteligência emocional e social já fazem de nossas agendas, todas traduzidas sob a ótica da experiência e do propósito, para as empresas e fundamentalmente: para as pessoas.
* Cesar Rossi é CEO e co-founder do grupo BWG – um dos principais players do mercado nacional de RH e Comunicação Corporativa no segmento de tecnologia aplicada a gestão de pessoas.