Autor: Marcelo Pirani, Diretor de Relações Educacionais na ABRH-Brasil
A pandemia impactou o modo de trabalho, reforçando o protagonismo da tecnologia e das pessoas no nosso dia a dia. O home office / teletrabalho, que já tinha sido implementado em algumas organizações ou era projeto em outras, passou a ser realidade na maioria, e tudo indica que deve continuar. A 4ª edição da Pesquisa Home Office Brasil 2020, realizada pela Sobratt (Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades) e a SAP Consultoria em Recursos Humanos, com mais de 500 empresas, revelou que 52% aderiram ao teletrabalho. Destas, 72% planejam manter a prática.
Outros estudos apontam que 80% das carreiras serão diferentes depois da pandemia, muitas deixarão de existir e tantas outras serão criadas. Relatório do Fórum Econômico Mundial prevê que, até 2025, serão fechados 85 milhões de empregos no mundo, em empresas de médio e grande portes, em 15 setores e 26 economias, incluindo o Brasil. Em contrapartida, 97 milhões devem surgir, principalmente nas áreas de
cuidados com saúde, tecnologias da quarta revolução industrial, dados e inteligência artificial, criação de conteúdo, novas funções em engenharia, computação em nuvem e desenvolvimento de produtos.
Em outras palavras, a tecnologia não vai tirar empregos. Como tem acontecido nos últimos anos, vai exigir ainda mais adequação e o desenvolvimento de novas habilidades por parte dos profissionais, que serão responsáveis por controlar o próprio desempenho e desenvolvimento.
Mais do que inteligência, será necessária maturidade emocional. O profissional terá que olhar para si mesmo, analisar suas reações diante das situações e tomar decisões, com mais autonomia, responsabilidade e, sobretudo, rapidamente. Tudo isso, considerando que o trabalho será cada vez mais em equipe, o que demanda entender a empresa como um todo e analisar o cenário constantemente. Pensamentos crítico e analítico, flexibilidade e poder de negociação serão características demandadas.
Neste cenário, o papel da organização é criar um ambiente saudável e seguro para perguntas e exposição de opiniões, com comunicação ampla e transparente, e estimular o trabalho colaborativo e com propósito. Apesar de lugar-comum, a empresa precisa promover as pessoas a protagonistas da própria carreira e despertar nelas o desejo de crescer, oferecendo ferramentas e condições para tal. Principalmente às lideranças, cada vez mais responsáveis pela gestão de pessoas, antes atribuída somente à área de Recursos Humanos. A esta, por sua vez, cabe instrumentalizar, criar processos e procedimentos que suportem o futuro do trabalho.
Mas como criar esses processos e instrumentos para um futuro tão incerto? Buscar referências de quem saiu na frente e já está colhendo alguns frutos é um bom caminho a seguir. A XP, por exemplo, discutirá na 2ª edição Digital do CONARH, como navega essa nova forma de trabalhar e como a reinvenção do escritório ajudou na adaptação às mudanças. No mesmo evento, Gary Bolles, Diretor da cadeira de Futuro do Trabalho da Singularity University e Iona Szkurnik, CEO da Transforming Education @Education Journey, vão apresentar a relação do Futuro do trabalho e do capitalismo e como isso afeta nosso dia-a-dia. O Conarh estará, além desses, repleto de especialistas que discutirão assuntos como: Lifelong Learning, Jornada do Executivo, ESG, dentre outros. Todos contemplando os tempos que vivemos e com muita informação.
Em resumo, o ambiente de trabalho e as novas relações com o emprego não podem ser mais uma pedra no nosso caminho. Eles devem ser alavancas para o futuro e para um ambiente mais acolhedor, mais diversos e, ao mesmo tempo, mais igualitários. Isso só será possível com uma gestão de recursos humanos voltada para a experiência do colaborador, para o novo desenvolvimento de lideranças e para o ambiente híbrido.