Texto por: Gilmara Santos
Apesar da velocidade de avanço das tecnologias, hoje, ainda são poucas as empresas que conseguem fazer uma transformação digital de forma bem-sucedida. Dentre os desafios do setor privado, destaca-se a necessidade de capacitação para as novas competências eletrônicas no mundo profissional. Segundo especialistas, um dos grandes erros destas companhias é apostar na tecnologia como o único material necessário para a mudança. Entretanto, a realidade tem mostrado a baixa capacidade dos negócios de se reinventarem digitalmente, mesmo com o acesso mais fácil a ferramentas modernas.
Se o domínio das novas tecnologias é condição para sobrevivência e desenvolvimento das empresas, uma real transformação digital deve ir muito além disso. Pesquisa da Deloitte, divulgada no ano passado, mostra que 96% dos negócios priorizam os gastos em tecnologia em aplicativos, sistemas e ferramentas de gestão. Contudo, conforme o levantamento, apenas 58% das organizações estão preocupadas com a capacitação dos colaboradores.
Outra pesquisa, o Estudo Global de Habilidades Digitais, mostra que, no Brasil, 95% dos empregadores acreditam que a capacitação em habilidades digitais dos funcionários técnicos e não técnicos, inclusive em nuvem, traz ciclos de inovação mais rápidos. Os empregadores entrevistados citam que, quando os colaboradores recebem a oportunidade de melhorar a capacidade de utilizar a tecnologia, eles se mostram mais produtivos, mais satisfeitos e, inclusive, mais propensos a serem promovidos. Entretanto, enquanto 99% das organizações brasileiras veem necessidade de treinamento dos colaboradores em habilidades digitais, apenas 32% mantêm, atualmente, programas de formação para o uso da nuvem, por exemplo.
Se o domínio das novas tecnologias é condição para sobrevivência e desenvolvimento das empresas, uma real transformação digital deve ir muito além disso. Pesquisa da Deloitte, divulgada no ano passado, mostra que 96% dos negócios priorizam os gastos em tecnologia em aplicativos, sistemas e ferramentas de gestão. Contudo, conforme o levantamento, apenas 58% das organizações estão preocupadas com a capacitação dos colaboradores.
Outra pesquisa, o Estudo Global de Habilidades Digitais, mostra que, no Brasil, 95% dos empregadores acreditam que a capacitação em habilidades digitais dos funcionários técnicos e não técnicos, inclusive em nuvem, traz ciclos de inovação mais rápidos. Os empregadores entrevistados citam que, quando os colaboradores recebem a oportunidade de melhorar a capacidade de utilizar a tecnologia, eles se mostram mais produtivos, mais satisfeitos e, inclusive, mais propensos a serem promovidos. Entretanto, enquanto 99% das organizações brasileiras veem necessidade de treinamento dos colaboradores em habilidades digitais, apenas 32% mantêm, atualmente, programas de formação para o uso da nuvem, por exemplo.
“Temos mais condições de criar tecnologias do que mantê-las”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Paulo Magalhães Sardinha. Ele destaca que várias novas tecnologias surgem com frequência ininterrupta, mas as empresas não conseguem usufruir porque não contam com pessoas capacitadas para operar. “Apesar das dificuldades, novas tecnologias estão sendo criadas o tempo todo, e o problema é como dar utilidade a elas”, considera. “Com isso, começamos a ter gargalos”.
Todas essas inovações exigem conhecimento especializado. Estudo recente divulgado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) retrata que apenas 53 mil pessoas são formadas por ano em cursos de perfil tecnológico, ao passo que o País tem uma demanda média anual de 159 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). O relatório estima que as empresas do setor demandem por 797 mil talentos até 2025. No entanto, diante do número de formandos abaixo do necessário, a projeção é de um déficit anual de 106 mil vagas – 530 mil em cinco anos.
“A capacitação, fundamental para o desenvolvimento das empresas, é o item número um [no ranking de preocupações e prioridades do setor], empatado com a questão tributária”, destaca o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), Paulo Milliet Roque. No início deste ano, a associação, em parceria com Instituto Brasil Digital, assinou um acordo de cooperação, divulgação e fomento dos programas alinhados com inovação e transformação digital.
Segundo Marc Tawil, estrategista de Comunicação, palestrante e educador, é justamente em razão do ritmo acelerado imposto à sociedade que temos visto estas inovações assumirem o protagonismo que deveria ser do ser humano, uma vez que “a tecnologia só existe porque as pessoas existem”, enfatiza, ao citar a escritora gaúcha Cris Lisbôa.
“Novas tecnologias estão sendo criadas o tempo todo, e o problema é como dar utilidade a elas.” Paulo Magalhães Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH)
PAPEL DAS EMPRESAS
A responsabilidade dos empregadores, na visão do presidente da ABRH, deve ser a de atuar na capacitação de forma complementar e na especificidade que o negócio exige. As empresas, diz ele, por não terem expertise, requerem um “berçário” com pessoas capacitadas, com base e formação – pois, do contrário, começará a desviar funções. O especialista ainda aponta que companhias que tentam resolver as próprias dores, condicionando a transformação a soluções individualizadas, tem sido um fenômeno muito comum. “As soluções encontradas são parciais, para aquilo que é prioritário e mais comercialmente viável”, avalia Sardinha.
Neste cenário, as grandes corporações tendem a levar vantagem, enquanto as pequenas empresas e setores (como comércio e serviços) encontram mais dificuldade para implementar as inovações. “Para os negócios menores, a situação é ainda mais difícil, porque o dono está correndo atrás de manter o seu empreendimento, e não podemos jogar esta carga em cima deles. A melhor maneira de tentar solucionar o problema é o governo articular parcerias com a iniciativa privada”, sugere Paulo Roque, da Abes. O educador Tawil ainda ressalta que “quando falamos de capacitação, não existe tamanho único ou ferramenta definitiva”. Na visão dele, “cada equipe, de cada empresa, de cada segmento, precisa testar a capacitação que melhor se aplica ao time”.
Em um ponto, as perspectivas se convergem: entender que a transformação digital só é possível com uma integração entre tecnologia e pessoas, algo fundamental para garantir que as novidades contribuam com a evolução das companhias.
Link da matéria original: https://revistapb.com.br/tecnologia/para-alem-da-tecnologia/