Por Fabio Camara*
Antes de todas as coisas, servir ainda é uma habilidade exclusivamente humana e depende do quanto o individuo está em unidade consigo mesmo. Por “unidade consigo” podemos definir como saber encontrar a si mesmo, saber se amar, entender a unicidade, a exclusividade.
É inútil buscar fora para convencer os outros. A arte de servir é um projeto dentro de si, somente você faz como ninguém. É quando se faz algo com identidade, proporcionando uma experiência única e dando uma dimensão de valor. É como o conhecimento: aumenta com a sua utilização, ou seja, quanto mais ensinamos, mais aprendemos.
Por exemplo, se o seu projeto de natureza é ensinar, você dará aulas autênticas, terá um jeito original de mostrar conteúdo de valor para os seus alunos. Depois, poderão ser tantos meios, e-learning, YouTube, Quizlet, Skype, Instagram Live, etc. Entretanto, são apenas meios.
Você simplesmente faz como se não houvesse outra coisa a fazer no mundo naquele momento
Há muita confusão para identificar em si próprio esse projeto interno único. De certa forma, essa cisão de si consigo mesmo é uma autossabotagem de se objetificar para ser aceito. Eu me anulo, pareço com todos e todos gostam de mim.
Esse projeto interno único é simples de perceber, é sempre aquilo que se faz sem a dimensão tempo-espaço consciente. Em outras palavras, é uma ação que te envolve tanto que você não percebe que as horas passaram, não percebe a fome, o sono, o cansaço, a doença. Você simplesmente faz como se não houvesse outra coisa a fazer no mundo naquele momento.
Quero ressaltar a importância da palavra único na arte de saber servir, porque é um, é uno, é uma coisa só que você faz como ninguém. Como nos ensinaram os antigos romanos: aquele que é extroverso em muitas coisas é inferior em cada uma delas. A vida, temos apenas uma. Enquanto se escreve uma carta, não se consegue escrever contemporaneamente outras dez.
Estamos numa era de escala global, de pensamentos massificados, em que a quantidade conta mais do que qualidade. Escrevo isso sem juízo de valor, apenas contextualizando o cenário digital. Ao certo, é um novo modelo de negócios que surge e parece ser inevitável.
Análises preditivas fundamentadas em comportamentos de dados históricos não irão substituir a intuição.
Como consumidor digital, meu prezado leitor, atenção ao vício da videodependência. Ainda hoje observei atentamente um ônibus cheio e realizei que todos os passageiros, inclusive os que estavam de pé, estavam com um pequeno monitor na mão – smartphone – consumindo conteúdo rápido, leve e superficial.
Se isso te distrai, é uma consciência correta, pois geralmente serve apenas como distração. Se isso te influencia, aí temos um ponto: análises preditivas fundamentadas em comportamentos de dados históricos não irão substituir a intuição.
Na prática, somente você sabe o que é melhor para si mesmo aqui e agora. Nenhum robô com inteligência artificial e com técnicas de aprendizado de máquina irá substituir a sua pessoal capacidade de escolher o melhor para si mesmo. Exceto se você se tornar um robô como comportamento e consciência, apesar de continuar humano.
De outro lado, se você quer servir e esse modelo de negócios digital é um meio para a realização do seu projeto, podemos nos prevalecer com inteligência. Afinal, como o não compreendido Maquiavel nos ensinou, os fins justificam os meios.
Seus meios de comunicação, produção e operação devem convergir para desejos individuais de consumidores
Os autores do livro Customização em Massa, 6 passos para conquistar o cliente, Edward J. Fern, Norma S. Wolfe e Willian S. Postma, trazem-nos pensamentos de base para a compreensão de que – apesar de um meio massificado – cada pessoa impactada deve se sentir como se fosse uma experiência exclusiva.
Na prática, seus meios de comunicação, produção e operação devem convergir para desejos individuais de consumidores que cada vez mais procuram experiências personalizadas.
Por exemplo, uma aula pode, ao mesmo tempo, ser disponibilizada como videoaula, podcast e texto (artigo ou e-book). O que é importante compreender: os meios digitais estão disponíveis para todos, são meios competitivos igualmente entre todos, portanto, seu diferencial será a competência do conteúdo.
Conclusivamente, o bem-sucedido digitalmente terá foco em qualidade – a competência do conteúdo – e na quantidade através da capacidade de fazer relação com tantos meios, tantos influenciadores, tantos distribuidores do seu conteúdo.
Desejo-te sucesso em suas iniciativas digitais.