*Bruno Soares, CEO e cofundador da Feedz by TOTVS
Independente do tempo de atuação, do setor e até mesmo da cultura, toda empresa trabalha em busca do sucesso do negócio. Nesse sentido, três princípios são universais: servir clientes, gerir recursos e crescer. E nesse contexto, o CEO é o responsável por definir estratégias e objetivos do negócio, delegar funções e direcionar as atividades no caminho do atingimento dos resultados esperados.
Sabemos que orquestrar tudo isso não é uma tarefa simples, até mesmo porque o talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos. E é por conta disso que o RH passa a ser peça chave nas organizações. Muitos CEOs já se convenceram disso, mas nem todos.
Em minha experiência, notei que há alguns perfis comportamentais e modelos mentais comuns em grande parte dos CEOs. Três dos perfis mais comuns que já observei em executivos que conheci são: o CEO Analítico, profissional que enxerga padrões e trabalha com raciocínio lógico, preferindo ter ações baseadas em dados e evidências; o CEO Realizador, que trabalha em busca de um desafio e tem a necessidade de realizar entregas e, em sua posição de liderança, espera que os demais também busquem por realização e ação; e, o CEO Contexto, que gosta de entender o passado da empresa para pensar e estruturar o presente e o futuro.
Mas, por mais “simples” que essas descrições de CEOs possam parecer, lidar com essas personalidades no dia a dia e garantir que todas as equipes estejam alinhadas ao propósito final – e, sobretudo, apresentando resultados – pode ser uma tarefa desafiadora. E é por isso que cada vez mais o RH abandona a imagem de departamento meramente operacional e responsável por questões processuais e por vezes burocráticas, para assumir uma posição cada vez mais protagonista e estratégica, que tem a missão de alinhar o capital humano aos objetivos organizacionais e, principalmente, à visão de longo prazo da companhia.
O RH estratégico atua como facilitador da mudança, promovendo uma cultura de inovação e auxiliando na gestão das transformações organizacionais. Ele é o responsável por entender e transmitir para toda a companhia, de forma clara, quais são as expectativas para os resultados, e como cada pessoa pode contribuir para o atingimento desses objetivos.
Portanto, para mostrar ao CEO o quanto o RH é peça-chave na estratégia da empresa e assim levar todo o time a entregar o que os CEOs esperam e almejam, é fundamental que o RH, antes de mais nada, entenda do negócio e domine os dados para, assim, entregar resultados factíveis e estruturados.
Por isso é preciso aprender a falar a linguagem do negócio. O que quero dizer com isso: acompanhar os KPIs, métricas e objetivos da empresa, além das informações referentes aos colaboradores, claro – performance, desenvolvimento, competências, habilidades, etc. Dessa forma, caso o CEO tenha o perfil analítico ou de contexto, o RH consegue entregar relatórios e sugerir propostas que tenham embasamento teórico e argumentativo, com dados e “provas” de que a ação será estratégica para os negócios, o que a torna mais fácil a aceitação por parte da alta liderança.
No caso do CEO realizador, minha dica para o RH é adotar a estratégia 1-3-1 para otimizar o tempo e facilitar a conversa com esse tipo de gestor. Explico: essa estratégia consiste em apresentar 1 problema, 3 possíveis soluções e já 1 recomendação para a resolução. Ou seja, compartilhar o cenário desafiador, quais são as opções para lidar com essa adversidade e apresentar a melhor sugestão de ação, na visão do RH. Isso reforça o “espírito” de realização, de vontade, que o CEO espera que as equipes tenham, como ele.
Fato é que as pessoas são, e sempre serão, o ativo mais valioso de qualquer empresa. Por isso é tão importante que o CEO tenha clareza a respeito do trabalho estratégico desempenhado pelo RH. O RH, por sua vez, precisa entender sua missão de ser justamente essa ponte entre a cultura da empresa – que direciona o trabalho de todos os times – e os objetivos estratégicos do negócio – que sempre estarão direcionados a resultados que levam ao sucesso.