Por Ricardo Resstel*
Nos últimos anos, os gurus da motivação vêm instigando milhões de espectadores com um tema que tem tirado o sono de muitos. O formato de sucesso definido no passado, onde tudo se voltava para entrar em uma boa e estável empresa, dedicar-se a ela a vida toda e, por fim, se aposentar não supre mais as expectativas do ser humano moderno. A necessidade de encontrar um propósito de vida, que tenha significado e que traga o sentimento de realização pessoal, começou a bater à porta da sociedade atual. Uma vez identificado que esse é o ponto que traz inquietude ao coração humano, surge a grande pergunta. Qual o meu propósito?
A identificação dessa paixão de vida, àquela coisa que responde à pergunta “por que eu existo?”, pode se tornar um verdadeiro pesadelo.
A verdade é que pouquíssimas são as pessoas que têm essa resposta de forma clara. Mas, posso te garantir, uma vez identificada, o brilho da vida recebe uma intensidade totalmente diferenciada. Para te ajudar nessa jornada de identificar sua paixão, vou dar algumas dicas que vão direcioná-lo nessa busca. Além de tornar o processo mais rápido, é claro.
O primeiro ponto é: Não se desespere. Quando optei por abrir mão da carreira de piloto de avião, algo que havia decidido ainda com quatro anos de idade, passei por uma grande crise para identificar minha nova paixão. Após tanto investimento de tempo e dinheiro para me tornar piloto, mudar de rota foi uma decisão dificílima e a busca por uma nova paixão levou mais de dois anos. Só então identifiquei o propósito de formar líderes de alta performance por meio de palestras e treinamentos. O grande ponto aqui é tornar essa busca algo intencional, algo que você reflete diariamente, mas sem fazer disso um peso.
Segundo ponto – Responda à pergunta: O que eu não gosto de fazer? Esse é um excelente ponto de partida. Saber o que não gosta já traz muita clareza e começa a limpar a mesa para que você identifique sua paixão. Um dos erros mais comuns é o constante investimento no que não se gosta. Por exemplo, alguém que é formado em Direito, que já passou num concurso público, mesmo que odeie o seu trabalho, tem a tendência de continuar a investir no seu desenvolvimento dentro dessa área. E, a cada curso ou pós-graduação que a pessoa faz, mais difícil fica para abrir mão daquilo que ela não gosta, afinal, já chegou muito longe. Então, identifique e pare de investir naquilo que você não gosta.
Terceiro ponto – Responda às perguntas: Quando você entra na internet, o que pesquisa? Que tipo de livro gosta de ler? Que tipo de documentário assiste? Você se interessa por temas mais de Exatas ou de Humanas? Identificar de forma ampla o que você gosta irá afunilar a sua busca. Voltando ao meu exemplo, mesmo quando eu ainda fazia parte do mundo da aviação, já era apaixonado por liderança. Já lia sobre o assunto e, eventualmente, até ensinava sobre o tema a pessoas interessadas.
Quarto ponto: O que você faria até de graça? Se ganhasse na loteria e fosse trabalhar só por prazer, o que você faria? Nunca me esqueço da minha primeira turma como instrutor na formação de líderes. Após anos de busca, após alcançar certificações no Brasil e no exterior, após investir muito tempo e dinheiro em capacitação, eu encontrei. Lembro-me de chegar em casa radiante e compartilhar com minha esposa. Encontrei, disse a ela. Eu faria isso de graça pelo resto da minha vida.
Responda a essas questões e tenha paciência. Embora seja trabalhoso e muitas vezes envolva riscos, posso garantir que o risco de ficar tudo como está é muito pior. Se você gosta de culinária, permita-se explorar um pouco disso, vá fazer um curso e conhecer um pouco mais. Se gosta de psicologia, converse com psicólogos, conheça essa realidade e, quem sabe, faça até uma faculdade para pelo menos se realizar e aprender sobre algo que gosta. E, se você me permite uma última dica, lembre-se de que nunca é tarde para começar a fazer o que se ama. Não importa sua idade, não importa quão alto você já chegou. A vida é uma só, e é melhor que você viva seus próximos anos de propósito.