Silmara Ciuffa/Pinguim Pictures
CONARH 2018 recebeu mais de 28 mil pessoas
Três dias intensos e vibrantes. Assim pode ser resumida a 44ª edição do CONARH, evento da ABRH-Brasil que reúne o Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas e a feira de negócios Expo ABRH. De 14 a 16 de agosto, mais de 28 mil pessoas passaram pelo São Paulo Expo, na capital paulista, para participar das atividades oferecidas pela associação, pelos patrocinadores e expositores.
Com o tema central Protagonista da Transformação, o CONARH evidenciou, do início ao fim, que todos podem ser autores das mudanças que desejam ver em suas empresas, na sociedade e no país. Nesse sentido, um momento emblemático foi a participação de Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato, anunciado no evento pela presidente da ABRH-Brasil, Elaine Saad.
Diante da plateia lotada, ele falou dos desafios, das frustrações e da persistência no combate à corrupção, e fez um chamado ao RH para promover integridade nas organizações. Os líderes de RH, salientou, devem ter papel duplo nessa missão: criar uma nova cultura organizacional e uma nova cultura de cidadania.
“Atuem para formar uma cultura organizacional que reforce a responsabilidade social e rejeite firmemente a corrupção. Muitos dizem que a culpa da corrupção é do governo, mas é uma moeda de duas faces: tem que recebe e tem quem paga. Para a gente romper esse ciclo vicioso é preciso ter colaboradores decididos a não pagar propina”, assinalou.
Dallagnol: RH deve atuar para criar uma nova cultura organizacional | Foto: Paulo Guimarães/Pinguim Pictures
Deltan também contestou alguns conceitos do mundo corporativo. Para ele, é preciso ressignificar expressões como “foco nos resultados” e “fazemos qualquer negócio”.
“Quando a empresa tem foco nos resultados, todo o resto fica’ embaçado’ e as pessoas passam a achar que os fins justificam os meios. Além disso, é preciso ter por princípio que alguns jogos não podem ser jogados. Riscos devem ser mapeados e regras de condutas claras devem ser estabelecidas”, recomendou, reforçando que os funcionários precisam ser preparados para enfrentar dilemas morais e lidar com eles de acordo com os valores das empresas.
Segundo o coordenador da força-tarefa, evidências apontam que empresas com programas de integridade têm até 50% menos problemas de corrupção do que as demais, portanto, essa área deve ser olhada não como um patinho feio, mas como o cisne que se tornou.
“Atuem proativamente para formar cidadãos engajados, a começar por nós mesmos. A mudança vem do coletivo. A história de que a Lava Jato tem heróis é mentira. Sozinhos, não conseguimos nada. Precisamos assumir o protagonismo das nossas vidas”, disse, lembrando que uma grande oportunidade para buscar mudanças está nas eleições de outubro.
Além dos palcos
Anitta foi entrevistada por Ricardo Mota, superintendente da ABRH-Brasil | Paulo Guimarães/Pinguim Pictures
Desde que foi anunciada, a participação da cantora Anitta no encerramento passou a ser um dos momentos mais esperados e, também, mais questionados do CONARH 2018. Afinal, o que ela teria a ver com a área de Recursos Humanos? Quem participou do congresso descobriu como ela lidera seus negócios, como se relaciona com a equipe e como conduz sua carreira. E gostou do que ouviu.
“Sempre busquei seguir minha intuição, garra e vontade”, disse logo no início, afirmando que não projeta sua carreira pensando em números. “Poucas pessoas acreditam quando digo isso.” Ao longo da apresentação, a cantora mostrou que sua trajetória é guiada por algo que vai muito além da intuição.
Segundo ela, para entender o mercado artístico, não basta ouvir o que é dito em reuniões, porque as pessoas costumam dizer o que é interessante para elas próprias. “Isso só muda quando você ocupa um patamar muito alto, de respeito, porque aí vão pensar duas vezes antes de dar uma resposta equivocada. Viajei muito, fazia as reuniões de negócios nos escritórios e nas empresas, mas, depois, ia para as ruas, para o metrô, para a boate ver o que as pessoas estavam fazendo, querendo. E, muitas vezes, era diferente do que diziam nos escritórios. É preciso ter inteligência para peneirar o que a gente escuta em reuniões”, concluiu.
Além de intuitiva, sagaz e antenada, Anitta é obstinada. Houve ocasião em que decidiu mudar um projeto em cima da hora. A equipe se opôs, argumentou, ainda assim, decidiu ir em frente. “Eles (a equipe) estavam preocupados com patrocínio, mas, para mim, importava o lado artístico”. Ao final, o motivo da discórdia, que se transformou no projeto Xeque Mate, conquistou rapidamente patrocinador e foi um sucesso estrondoso.
“Arrisco, sou ousada, mas tenho limites. Sempre trabalho com uma ‘verba segura’ de investimento. Não vou para o tudo ou nada. Acredito que devo isso à minha infância humilde”, ponderou.
Nesse campo, sua maturidade é extensiva à relação com a família, da qual faz questão de manter independência financeira. “Gosto de dar a vara para pescar. Ajudo no que for preciso, pago cursos etc. Dou presentes incríveis? Dou! Mas me sinto mais feliz de vê-los criarem suas próprias realizações.”
Anitta também mostrou ter um jeito RH de ser ao relatar que, certa vez, identificou em uma fã, que sempre a perseguia e a encontrava onde quer que estivesse, potencial para trabalhar a seu lado. “Achei que a gente podia aproveitar aquela determinação de outra forma.” Contratou a fã, investiu nela e descobriu que estava certa. “Hoje ela trabalha em algo muito maior do que trabalhava comigo e fico muito feliz com isso.”
Ao ser questionada pelo público em qual área trabalharia se, em vez de artista, atuasse no mundo corporativo, ela pensou por um segundo e disparou: “RH. E não estou falando isso por vocês. Nesses anos, lidei tanto com pessoas que acho que aprendi a fazer isso bem.” O RH aplaudiu.
1- ARENA GYMPASS
Espaço concorrido da Expo ABRH, a Arena Gympass apresentou palestras gratuitas oferecidas pelos patrocinadores do CONARH. O auditório permaneceu lotado durante todo o evento.
2- Espaço ABRH-Brasil
O mesmo aconteceu no Espaço ABRH-Brasil, que foi o ponto de encontro das lideranças da ABRH-Brasil e de suas 22 seccionais com os participantes do CONARH. Durante os três dias, o auditório de palestras gratuitas, apresentadas de hora em hora, ficou pequeno para receber os interessados, que formaram filas para assistir a especialistas abordando os mais diversos temas de interesse do RH.
3- LAB Digital
Espaço independente, o Lab Digital – Petrobras foi uma das novidades desta edição. Nos três dias, doze sessões levaram aos participantes atividades interativas para tratar do RH na transformação digital.
4- CONARH Experience
Pela primeira vez, o CONARH Experience levou ao público o conceito de endomarketing esportivo. Em uma área de 360m², foram realizadas atividades recreativas e gincanas esportivas – pebolim humano, vôlei guiado, futbolha e futgolf, entre outras atrações. O espaço foi resultado de uma parceria com a Corporativo Sports.
*A próxima edição trará mais notícias do evento
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