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GESTÃO

Na busca por saúde, GPA investe em centros próprios

Com o envelhecimento da população e a precariedade do sistema público, a gestão da saúde se tornou uma das maiores dores de cabeça do RH. E o único remédio para saná-la é investir com efetividade em duas pontas: gestão e prevenção. Assim Antonio Salvador, vice-presidente executivo de RH, Gestão e Sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar, resume a saga iniciada há cerca de cinco anos pela companhia, que reúne 140 mil funcionários e dispende, anualmente, cerca de R$ 350 milhões com o plano de saúde para seus colaboradores e dependentes, num total de 300 mil vidas. “Se fôssemos uma operadora de plano de saúde, estaríamos entre as dez maiores”, compara.

Mais expressivo do que o número de vidas é o da inflação médica, que tem subido aceleradamente e, nos últimos anos, atingiu média de 15% ao ano, descolando-se da inflação oficial do país. “Neste ano, chegamos ao pior indicador. Temos projetado uma inflação de 3% a 4% e uma inflação médica de 19%. Está se abrindo uma boca de jacaré e não podemos passar esse custo para os nossos produtos”, alerta Salvador.

Ele salienta que a empresa tem estudado todas as alternativas possíveis para manter a qualidade dos planos de saúde, que não considera mais um benefício, pois concedê-los virou um papel social. “Vivemos num país em que existe uma pressão muito grande para que as empresas complementem a falta do governo em questões voltadas ao bem comum, como a saúde. É um tema extremamente complexo, que precisa ser discutido pelo RH.” Além do custo crescente, ele ressalta, o funcionário menos saudável gera maior absenteísmo e baixa produtividade, o que não é bom para o negócio.

Para contornar essa situação, o GPA fez investimentos da ordem de R$ 5 milhões nos últimos três anos em sistemas para identificar fraudes, ter melhor controle das faturas, entrada e saída de dependentes, número de procedimentos, etc. O objetivo é ter indicadores mais precisos para eliminar qualquer possibilidade de desperdício e ineficiência no processo. “Isso não necessariamente melhora a saúde das pessoas, mas ajuda a ter inteligência para gerenciar o tema”, explica.

Outro passo é a prevenção, que se torna ainda mais necessária em uma população que, universalmente, está envelhecendo e ficando mais doente: estima-se que 75% das mortes no mundo são causadas por diabetes, pressão alta, obesidade e outras doenças crônicas.

“Temos trabalhado mais informações para os funcionários, assim como mudamos nossa abordagem na área de saúde. Sempre incentivamos muito o esporte, com academias e maratonas, ações que atingiam um percentual baixo dos funcionários. Preferimos que 140 mil funcionários andem saudavelmente do que 120 corram maratonas. Nossa abordagem passou de elitista para inclusiva. Estamos fechando as academias internas para, em complementariedade ao plano de saúde, transformá-las em centros de prevenção de saúde dentro do conceito de médico de família”, conta Salvador.

Com essa iniciativa, que também inclui os familiares, a ideia é que, em vez de procurar o pronto atendimento pelo plano de saúde, em que cada hora é atendido por um médico diferente e precisa fazer diversos exames, o funcionário tenha uma avaliação efetiva do seu problema no centro, que, além do clínico geral, terá psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e vacinação. O piloto será aberto em São Caetano do Sul, no ABC paulista, e deve atender em torno de 3 mil pessoas.

“A saúde é um problema de toda a sociedade. É preciso pensar no bem comum e o RH tem que dedicar atenção, ter isso na pele. A nossa geração de profissionais de RH tem que contribuir para um país melhor no futuro, deixar um legado”, finaliza o executivo.

GPA NO CONARH 2018

O protagonismo de Antonio Salvador no RH do GPA será compartilhado no CONARH 2018 – 44º Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, que a ABRH-Brasil e a ABRH-SP vão realizar de 14 a 16 de agosto, com o tema central Protagonista da Transformação.

No dia 14, ele participará, com Ana Elisa Siqueira, presidente do Conselho da ASAP – Aliança para a Saúde Populacional, do talk show Para onde vai a saúde na sua empresa? Dos desafios às soluções, mediado por diz Luiz Edmundo Prestes Rosa, diretor de Desenvolvimento de Pessoas e coordenador do Núcleo de Saúde da ABRH-Brasil.

Confira essa e outras participações no site www.conarh.org.br.

Mais informações:
Tel. (11) 3138-3420
[email protected]

Saúde na ABRH

Fórum Saúde_ab2018_br
Participantes do grupo de estudos reuniram-se na sede da J&J/Divulgação

Apenas 12% das empresas e 18% dos líderes de RH dão prioridade à questão da saúde no Brasil, que já se tornou a segunda maior despesa na gestão de pessoas, atrás apenas da folha de pagamento. Os números alarmantes foram apresentados pela ABRH-Brasil e pela Asap em 2017, após uma ampla pesquisa realizada com 668 profissionais de Recursos Humanos, e expõem a fragilidade do tema, principalmente ao se atentar para o colapso do sistema de saúde no país.

Em busca de soluções que ajudem as empresas a melhorarem a gestão e a prevenção da saúde e, consequentemente, baixarem os custos, a parceria entre as duas instituições foi além do estudo com a criação do Fórum Nacional de Saúde Corporativa – grupo de estudos formado por organizações como o próprio GPA, Itaú, Johnson & Johnson, Localiza, Natura, Petrobras, Pirelli e Serasa.

O sexto encontro aconteceu no final de fevereiro, na sede da J&J, na cidade de São Paulo, e, amanhã, 13, o Conselho do Fórum, formado pelos líderes de RH dessas empresas, realizará sua primeira reunião, em que serão discutidos os próximos passos. Entre as ações já realizadas estão a elaboração de propostas de melhoria e o compartilhamento de experiências e de benchmarking.

“A gestão da saúde corporativa é, na maioria das empresas, ainda muito frágil. A ABRH e a Asap, junto com as empresas do Fórum, acreditam que podem mudar essa realidade, propondo mudanças e contribuindo com as melhores estratégias e soluções já testadas com sucesso”, salienta Prestes Rosa.

Para fazer download desta edição, clique aqui

12-04-2018_destaque