Por Lorenzo Mendoza*
Foi-se o tempo em que um diploma era o marco zero de uma promissora carreira, que poderia se estender para especializações bem pensadas, mestrados e doutorados com longas teses construídas em longo prazo. Hoje, uma nova habilidade precisa ser aprendida rapidamente, porque daqui a um ou dois anos o mundo já mudou tanto que ela não valerá mais. Bem-vindo ao lifelong learning!
A tecnologia avança sem parar em uma velocidade infinitamente superior à do cenário acadêmico. Enquanto universidades montam um curso, até ele ficar pronto, aquela grade curricular já está obsoleta. Não é difícil chegar a essa conclusão. Segundo pesquisa da IDC,, encomendada pela Salesforce, até 2022, devem ser criadas 195 mil novas vagas em TI no Brasil. No mundo, serão 3,3 milhões de novos empregos na área. O problema está em como e quem vai preenchê-las.
Qualificação sempre foi uma questão para todos os setores da indústria, claro, mas em TI o buraco é mais embaixo. Muito por conta da velocidade da evolução da tecnologia versus o aprendizado e preparo de profissionais em salas de aula.
Cabe às empresas se soltarem cada vez mais dos pré-requisitos acadêmicos.
Observando esse cenário e vivendo na pele a dificuldade de encontrar pessoas para minhas equipes de Design e Tecnologia, cheguei à conclusão de que quem está aqui sentado comigo são pessoas, antes de tudo, curiosas. Profissionais que, independentemente do diploma – caso tenham, pois há os que nem possuem – saíram em busca de conhecimento disponível no vasto mundo da internet. Alguns, autodidatas, outros, ávidos por entender e atuar em prol da evolução da tecnologia com suas próprias mentes e braços.
Cabe às empresas também se soltarem cada vez mais dos pré-requisitos acadêmicos, caso sejam da área de TI, e buscarem formar seus profissionais no dia a dia, aproveitando suas principais características e não necessariamente o que estudaram numa pós há três anos. Menos currículo, mais vitae.
Pena que a curiosidade e o autodidatismo não são características inerentes a qualquer indivíduo. Para trabalhar com transformação digital, com inovação, design e tecnologia, antes de qualquer currículo, é preciso ser curioso e aprender a aprende rápido. Esses têm mais chances de se tornarem os profissionais que as 195 mil cadeiras vão precisar nos próximos quatro anos.