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Intenção é atuar em consultorias, conselhos de administração e empreendedorismo

Mhouge/Pixabay
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A maioria dos executivos do alto escalão não pensa em “pendurar as chuteiras” quando encerrarem seu ciclo tradicional de carreira. A maior parte deles – 77,7% – planeja novos desafios pós-carreira, como atuar em consultorias, conselhos de administração e empreendedorismo. É o que revela levantamento realizado pela Page Executive, unidade de negócios do PageGroup especializada no recrutamento de executivos para o alto escalão, em parceria com a consultoria Angatu IDH.

O estudo foi realizado em setembro de 2018 contando com 400 executivos de 40 a 60 anos do alto escalão e que atuam em empresas de diversos setores e portes em todo o Brasil.

“Com o ganho de longevidade e envelhecimento da população, a aposentadoria vai progressivamente deixar de existir. Esse quadro abre espaço aos profissionais mais sêniores e experientes, com reais possibilidades de transição de carreira, mesmo com uma atuação múltipla e mais longa do que a que conhecemos hoje. Veremos em breve três a quatro gerações de profissionais se relacionando. Essas mudanças no mercado de trabalho estão em curso e serão vistas com mais frequência”, explica Fernando Andraus, diretor executivo para a América Latina da Page Executive.

 44,8% querem fazer transição,
mas ainda não traçaram planos

Renato Bernhoeft, da Angatu IDH, lembra que desde a infância somos educados para ter uma carreira, sucesso e ser permanentemente produtivos. “E isso funciona relativamente bem até o momento de transição que se inicia na meia idade, hoje por volta dos 45 anos. Quando se aproxima a fase de aposentadoria, em que as pessoas imaginam que “desfrutar” é seu único objetivo, defrontam-se com a dura realidade que não se prepararam para isso”, diz.

Foi perguntado aos entrevistados se pretendem fazer transição de carreira ou mudar de área no futuro. Aqueles que têm vontade, mas ainda não desenharam planos, representam 44,8%; 21,6% também têm vontade e já desenharam seu plano. Outro grupo, de 11,4%, está executando a transição neste momento. Os que se declararam contrários a essa ideia somaram 22,2%.

Quando questionados a respeito dos projetos profissionais futuros, atuar como consultor foi a opção de 23,2%. Logo em seguida, com 22,9%, a possibilidade de participar de conselhos de empresas. Empreender foi a escolha de 19% enquanto outros 14,4% optaram por palestras ou lecionar. Ser investidor ou atuar em uma startup agrada 8,8% da amostra. Atuar no terceiro setor foi a escolha de 7% e, com 4,6% das respostas, continuar com vínculo empregatício.

Empecilhos para a transição
A maioria dos profissionais pretende buscar novas oportunidades em seu pós-carreira, mas pode interromper esse desafio caso não esteja totalmente preparada para a transição.

De acordo com o levantamento, a falta de reserva financeira é a principal dificuldade para essa mudança para 21,8%, seguida pela escassez de oportunidades na área em que o profissional deseja atuar (20,2%).

Depois vêm: a pretensão salarial superior ao praticado pelo setor de interesse (17,4%), exigência de qualificação superior ao conhecimento acumulado (8,4%), despreparo pessoal e profissional para enfrentar os desafios (8,1%) e, por fim, falta de apoio familiar (2,8%).

Mesmo que optem pela nova fase, a maioria dos executivos acredita que ainda precisa trabalhar por mais tempo e dispor de uma reserva financeira confortável antes de optar por um novo modelo de carreira. Somaram 55,3% aqueles que pretendem trabalhar mais de 10 anos. Entre cinco e dez anos, 33,9%. De um a cinco anos, 9,9% e, até um ano, 0,9%.