ABRH Brasil

Por Hendel Favarin*

Já imaginou, depois de anos de dedicação à carreira e à empresa, ser chamado na sala do gestor e ouvir que seu trabalho será substituído por um robô? Parece cena da série britânica Black Mirror. Mas, segundo estudo da Consultoria McKinsey, situações como essa estão próximas de acontecer. A pesquisa mostrou que os robôs substituirão entre 400 e 800 milhões de empregos até 2030, por meio da automatização de processos.

Nesse mesmo sentido, a FYA (Foundation for Young Australians) revelou, no início de 2017, que cerca de 60% dos jovens estão entrando no mercado de trabalho em empregos que serão “radicalmente afetados pela automação” nos próximos 10 a 15 anos.

Empresas tradicionais estão dando lugar a startups ou se juntando a elas

Segundo essas mesmas pesquisas, as soft skills (habilidades comportamentais, em tradução livre para o português), como liderança, resiliência, colaboração, autoaprendizado e inteligência emocional, serão a ênfase da educação. O que todas têm em comum? O que os robôs têm a ver com essas soft skills?

Nosso mundo tem mudado em uma velocidade nunca vista antes devido à tecnologia. Muitas empresas nas quais trabalhamos hoje não existiam há pouco tempo. Empresas tradicionais estão dando lugar a startups ou se juntando a elas. Hoje, as três marcas mais valiosas do mundo são “bebês” perto de organizações centenárias:

Apple: US$ 247 bilhões
Google: US$ 174 bilhões
Microsoft: US$ 116 bilhões

É surpreendente como tudo acontece tão rápido na Era Digital. Segundo Eric Schmidt, ex-CEO da Google, “a cada dois dias geramos um volume de dados equivalente ao que criamos do início da civilização até 2003”. Não só a quantidade de informação que geramos tem sido exponencial, mas o comportamento do consumidor tem mudado em uma velocidade nunca vista antes. E a consequência disso? As empresas estão tendo que mudar constantemente; logo, a dinâmica do trabalho também.

As soft skills serão ainda mais requisitadas no mercado de trabalho

Nesse cenário, trabalhos repetitivos e de rotina, que não demandam uma intervenção criativa ou do relacionamento humano, serão completamente substituídos por robôs e pela inteligência artificial. Mais importantes do que o conhecimento técnico – que será o ponto forte da inteligência artificial –, as características comportamentais e sociais farão total diferença. E essas habilidades não podem ser encontradas em algoritmos. Portanto, serão responsáveis por diferenciar bons colaboradores.

Dessa forma, as soft skills serão ainda mais requisitadas no mercado de trabalho. São elas que te ajudarão a se manter um profissional competitivo e preparado para as constantes mudanças provocadas pela tecnologia e inovação.

E, quando pensamos em toda a transformação provocada pela Era Digital e a consequente extinção de postos de trabalhos, podemos pensar no leque de oportunidades que será criado.

Milhares de profissões e empresas já nasceram por causa do Facebook, Google e outras tecnologias que originaram novos mercados. Um dado importante que apareceu no Fórum Econômico Mundial de 2017, é que “65% das crianças que hoje estão no ensino fundamental exercerão funções que ainda não existem no mercado”.

Por isso, apesar das estatísticas catastróficas sobre a extinção de postos de trabalho, é possível, sim, pensar nas oportunidades que temos em mãos. O papel humano nunca foi tão valorizado e essa valoração só tende a crescer nas próximas décadas.

Portanto, os robôs podem até substituir o nosso trabalho manual, que seja de fácil substituição por máquinas, mas para quem estiver preparado com as habilidades certas, novas oportunidades, com certeza, surgirão.

HENDEL FAVARIN2
* Hendel Favarin é cofundador e CEO da Escola Conquer

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