ABRH Brasil

Por Edson Moraes*

Muitos procuram no coaching uma forma de reorganização interna para atingir algum objetivo, seja pessoal, profissional, financeiro ou tudo isso junto! Procuro explicar que o papel do coach é ajudar o cliente a montar uma estratégia para organizar os planos, identificar as competências necessárias para o sucesso no atingimento de objetivos e acompanhar a execução das atividades identificadas no plano. Mas o que vale mesmo é a pessoa executar essa estratégia com diligência e foco, seguindo, no presente, os passos necessários para atingir os objetivos desejados para o futuro.

Para que tais ações sejam realizadas, é fundamental que a pessoa esteja atenta a si própria, percebendo quais desejos e necessidades devem ser atendidos e validando se suas ações estão coerentes com aquilo que se quer atingir.

Muitas vezes, ao discutir tais aspectos de seu programa de coaching, as pessoas perguntam como manter o foco, uma vez que a vida requer múltiplas ações realizadas quase que simultaneamente.

A alternativa prática que recomendo para colaborar com a execução de seus planos é a meditação. Apesar de budista, não aconselho nada metafísico ou associado a uma religião. Como descrito por Facundo Guerra, que se define como “um agnóstico do tipo arrogante” no livro Empreendedorismo para Subversivos: “Simplesmente baixe um aplicativo de meditação no seu celular, use um de seus tutoriais e pare por dez, quinze minutos por dia para entrar verdadeiramente dentro de si”.

Se até um cético assumido recomenda essa prática, vejo que o caminho pode ser percorrido com tranquilidade por qualquer pessoa, independentemente de sua crença. Basta identificar o método mais adequado ao estilo da pessoa.

Deve-se tratar a prática da meditação como uma ferramenta poderosa para se compreender melhor, amenizar a ansiedade quando se está procurando emprego ou ter mais forças quando se está trabalhando, mas sobrecarregado e infeliz com sua atividade.

A meditação permite viver um estado de consciência sobre si como nenhuma outra técnica ou tratamento permitirá. Pode parecer estranho no início, mas a persistência na prática diminui a ansiedade, melhora a depressão e o sono, controla a pressão arterial e diminui os batimentos cardíacos. Tudo isso cientificamente provado por diversas pesquisas, trabalhos acadêmicos e relatos de meditadores frequentes.

O equilíbrio percebido por meio da prática favorecerá a compreensão sobre como agimos, reagimos e enfrentamos as questões que nos trazem satisfação ou sofrimento, viabilizando a estruturação de mudanças internas, as quais nos levarão a buscar transformações no nosso ambiente externo. Além de permitir que nos centremos nas atividades cotidianas e na execução de nossos projetos. O resultado é mais foco e alta performance na realização das tarefas e atividades requeridas para execução de planos.

Antes que alguém fale que não consegue “esvaziar a mente”, devo dizer que isso é uma bobagem. Não há como esvaziar a mente, a não ser que a pessoa esteja em morte cerebral. Aí o caso já é outro. Meditar é observar os pensamentos sem julgamento ou seleção (isto quero, aquilo não quero).

Como entre um pensamento e outro há um intervalo, ao perceber em atenção plena o que pensamos, também notamos que entre um pensamento e outro não há nada. A observação constante amplia esse intervalo, fazendo com que surja, naturalmente, o chamado vazio da mente, que dura até o próximo pensamento. Nesse processo, a mente observa a mente. E isso nos faz conhecer alguém novo: nós mesmos.

Meditar não faz com que um chefe ou um cliente chato se torne uma boa pessoa, tampouco garante emprego nem substitui um bom currículo ou amplia seu networking, mas ajuda imensamente a manter a percepção sobre si e seu foco. E, assim, com a ansiedade administrada, tanto a manutenção do emprego quanto a busca por um novo trabalho ficam facilitados. Com os pés no chão e um estado de consciência ampliado, a vida fica mais simples e mais objetiva. Com foco! Afinal, as coisas são como elas realmente são.

Experimente. Meditar não dá trabalho. Nem emprego. Mas ajuda a viver melhor.

Edson Moraes
*Edson Moraes é sócio do Espaço Meio, executive coach e consultor em gestão e governança