Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta semana mostra o comportamento do mercado de trabalho de acordo com a idade do trabalhador e seu grau de instrução. E, segundo o levantamento, no primeiro trimestre de 2018, enquanto a população ocupada com mais de 60 anos cresceu 8%, a de trabalhadores entre 25 e 39 anos teve um aumento de 0,9%, na comparação com o mesmo período de 2017. Entre aqueles com ensino médio incompleto, a ocupação se expandiu 10%, mas ela recuou 9% para os que têm apenas o ensino fundamental.
O crescimento dos mais idosos não ocorre pelo aumento do número desses trabalhadores que estão saindo da inatividade para retornar ao mercado de trabalho, mas porque vem diminuindo a parcela de idosos que decidem parar de trabalhar.
Maria Andréia Lameiras, pesquisadora do Ipea e uma das autoras da pesquisa, explica que dois fatores ajudam a entender essa permanência dos mais velhos do mercado de trabalho. O primeiro tem a ver com a renda: ao ficarem no mercado de trabalho, conseguem uma renda maior. O segundo envolve o aumento de expectativa de vida do brasileiro. “Essas pessoas querem se manter ativas, pois têm uma maior expectativa de vida maior. Em sua grande maioria, ainda são chefes de família, aqueles que garantem o sustento da casa.”
VOLATILIDADE
No estudo, foram analisados microdados da PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, e dos dados de emprego formal do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.
A avaliação é de que o mercado apresentou sinais de melhora nos últimos trimestres, mas os dados mais recentes apontam uma estabilidade, colocando em dúvida o ritmo da recuperação. A taxa de desocupação vem se mantendo em torno de 12,5%, reflexo de uma desaceleração do crescimento da população ocupada.
“Viemos de um período de retração muito grande. Nossa recuperação apresenta bases ainda frágeis, com muita informalidade, o que traz alta volatilidade para o setor, tanto em termos de ocupação, quanto de rendimento.”, explica Maria Andréia.
A ocupação vem reagindo em praticamente todos os setores da economia, mas em intensidades distintas. Mesmo a construção civil já mostra saldos mensais positivos – embora continue apresentando fechamento de empregos no acumulado de doze meses. Em maio de 2018, esse setor abriu mais de 3 mil vagas com carteira assinada, apresentando um resultado bem superior ao observado no mesmo mês de 2017 (-294 vagas). O setor de serviços foi o que registrou maior dinamismo, com uma criação líquida de quase 190 mil novos postos de trabalho nos doze meses até maio.
PERFIL DO DESEMPREGADO
Os microdados da PNADC permitem traçar um perfil do desempregado no país: mulher, nordestina, entre 18 e 24 anos, com fundamental incompleto, residente em regiões metropolitanas.
Corroborando esse perfil, Piauí, Sergipe, Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro apresentaram um aumento do desemprego na comparação com o primeiro trimestre de 2017. Em sentido oposto, a queda do desemprego foi maior nos estados do Amazonas, Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul.
O recuo da taxa de desocupação, na comparação interanual, ocorre de modo disseminado em todas as categorias, sendo mais significativo nas regiões Norte e Centro-Oeste e no grupo de trabalhadores com idade entre 25 e 39 anos, com ensino médio incompleto e não residente nas regiões metropolitanas.