Rubens Passos*
Dentre os conhecidos fatores da baixa competitividade de nossa economia, um dos mais graves é a produtividade dos trabalhadores, conforme acaba de ratificar pesquisa da Fundação Getúlio Vargas: num ranking de 68 nações, ficamos na desconfortável 50ª posição, atrás da Argentina e até mesmo da esfacelada Venezuela.
Nesse contexto, é preciso ficar muito clara a relação de causa-efeito entre o problema e a precariedade da educação básica e do acesso ao ensino superior de excelência. Por isso, é preocupante o resultado de novo estudo do Banco Mundial (Bird), o qual mostra que jovens de 15 a 25 anos de lares afetados por quedas nos rendimentos têm 2,3% mais chances de abandonar os estudos. Dentre os de 18 anos, o índice sobe para 4,5%. Segundo o relatório, o número de famílias brasileiras que tiveram cortes no orçamento passou de 20%, em 2013, para 30%, em 2014.
O país paga um preço alto por ter abdicado de construir um sistema de ensino eficaz
Ou seja, a recessão afetou negativamente o nosso já combalido sistema de ensino, podendo agravar ainda mais a produtividade dos trabalhadores. Afinal, a boa formação escolar, desde a educação infantil, é cada vez mais determinante, à medida que a tecnologia avança e os processos produtivos tornam-se paulatinamente mais sofisticados, menos mecânicos e manuais.
A persistente baixa produtividade dos recursos humanos continuará afetando a competitividade e limitando o potencial de crescimento do PIB, o que reduz a capacidade de investimento do Estado na educação. É um círculo vicioso! O país paga um preço alto por ter abdicado de construir um sistema de ensino eficaz, ao contrário de algumas nações que fizeram da sala de aula o grande trampolim de seu desenvolvimento.
O resultado dessa perniciosa equação também torna o Brasil mais suscetível às oscilações da economia internacional e às instabilidades internas. Temos um permanente caldo de cultura propício à proliferação de crises, que, de fato, têm sido intermitentes, inviabilizando um ciclo duradouro de crescimento sustentado. Por mais que seja repetitivo a cada eleição, o ensino precisa ser enfatizado na campanha eleitoral deste ano. Entrarão para a história os políticos que, por meio da redenção da escola, promoverem o grande salto de competitividade de nosso país.