Por Eliana Dutra*
Nada define melhor o atual momento do que: VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo). E como já disse Daniel Levy: “Antes tínhamos uma trajetória linear, fatos acontecendo com uma previsibilidade alta e gerenciável. Hoje, devido à tecnologia e a nossa evolução como indivíduo, há uma velocidade maior no ritmo de todas as coisas. E é isso que o VUCA traduz”. Essa é a peculiaridade do século 21, à qual todos devemos nos adequar.
Assim, as empresas correm para enquadrar os seus negócios nessa nova realidade. Não é para menos. Afinal, as indústrias que mais crescem são a de tecnologia e a de treinamento. Quem não se lembra da chegada do computador? Na época, ele eliminou postos de trabalho que exerciam funções básicas, como digitação. O que muitos não se deram conta até hoje é que um fator importante nesse processo é deixado de lado: a educação.
É preciso atenção, pois, se os empregos que não exigem formação são eliminados, é melhor que nós prepararmos para a previsão do antropólogo Darcy Ribeiro: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”.
Trata-se de um círculo vicioso e para rompê-lo é preciso que o governo e as empresas invistam na educação dos seus profissionais, tratando-os como adultos. Caso contrário, terão que “descartá-los”, já que a realidade pede novas habilidades. Logo, quanto mais forem descartados, mais presídios terão que ser construídos.
Empresas menores estão criando redes de aprendizagem
Os líderes precisam entender que quanto mais investirem na educação de talentos mais lucrativas serão suas empresas, já que terão ao seu lado funcionários que conhecem a cultura organizacional. Algumas companhias perceberam isso e criaram programas de treinamentos para os seus executivos. Empresas como Carrefour e GE têm desenvolvido em suas universidades corporativas programas de formação para Gestor-Coach, por exemplo. Mas, essa é uma solução cara para muitas organizações.
Então, o que fazer? Como solução, empresas menores estão criando redes de aprendizagem. Um exemplo é a Stone, empresa de meios de pagamentos, que possui cerca de 3 mil funcionários e desenvolveu um modelo de treinamento diferenciado, o TTT – Train The Trainers. O objetivo é colocar seus funcionários para ensinar uns aos outros, de forma estruturada. A estimativa é que o processo de aprendizagem seja potencializado em até 90%. Uma forma clara, simples e fluida de educar.
Óbvio que sempre será possível contratar novos profissionais que possuam formação e habilidades exigidas pelo mercado, mas a que custo? Enfim, se as empresas não investirem em educação, vamos pagar os impostos para o estado construir mais presídios. Parece simples, mas é preciso vontade e ação para incentivar os profissionais a desenvolverem habilidades técnicas e uma visão sistêmica das relações humanas.