ABRH Brasil

Por Celso Braga*

O princípio da felicidade está associado à inserção da pessoa em situações para além de si mesma. Ou seja, a felicidade existe de forma social, em relação com o outro. A busca por prazer de forma individual está associada à droga ou a vícios de uma forma geral.

Há vinte anos, realizei minha pesquisa de mestrado sobre a conscientização e como ela afetava o papel profissional. Três coisas definem a conscientização: o aprendizado coletivo, o aumento da qualidade das relações e o diálogo. Nesse sentido, uma pesquisa realizada com um público de 280 grupos de pessoas, apontou que 100 destes grupos (cerca de 2000 pessoas) demostraram um aumento de satisfação e prazer associado à prática de atitudes mais. Isso me despertou como essência a ideia de que reflexos positivos são produzidos quando as pessoas colaboram.

Nos últimos dez anos, percebemos um fenômeno interessante como reflexo dos programas de desenvolvimento conduzidos no Grupo Bridge aos colaboradores de diversas empresas contratantes: times (ou equipes) formados em função do papel profissional, após serem submetidos a intervenções de desenvolvimento comportamental para favorecer sua atuação profissional, começaram a apresentar reflexos em sua vida pessoal explicitado através da predisposição para o voluntariado, de forma espontânea. Mais do que apenas serem beneficiados pela intervenção de desenvolvimento, a ampliação de consciência possibilita enxergar além de si e alegrar-se à medida que contribui com outros.

A partir desta percepção, iniciamos uma discussão interna que nos levou a criar um projeto estratégico chamado A Jornada Ôntica* – uma perspectiva sustentável para o mundo através das organizações. A teoria foi apresentada a cinco universidades americanas e gerou um livro com o mesmo nome, que descreve nosso modelo de contribuição social. Criamos também o Programa 36,5°**, onde as pessoas de nossa empresa entregam trabalhos sociais dentro de sua especialidade e que produz um maior engajamento e níveis de significado para seu trabalho como algo maior. Como resultado, obtém-se níveis de alegria e satisfação das pessoas de tal modo que para além de si mesmas – transcendentalmente – podem perceber sua contribuição como algo que as torna mais relevantes como pessoas.

O que difere os seres humanos dos animais é a sua capacidade de pensar e de criar que, idealmente, só pode ser feita junto a outras pessoas. Quem se voluntaria percebe-se mais inserido em pensar e em criar alternativas, o que as leva a graus maiores de saúde emocional e social.

Além disso, o desenvolvimento integral das pessoas está centrado em cinco eixos: Físico, Emocional, Conhecimento, Relacional e Transcendental. Desse modo, concluímos que o voluntariado aumenta os níveis de desenvolvimento de saúde humana sendo, principalmente, um dos pilares essenciais do ponto de vista Transcendental. Mas, obviamente, ações voluntárias favorecem o desenvolvimento dos outros eixos de forma integrada, pois, geralmente, colocam o seu corpo em movimento e em atividade (Físico), diminuem os níveis de ansiedade ou apego a situações passadas (Emocional), possibilitam conhecer causas e especificidades diferentes da realidade da seu próprio repertório do cotidiano profissional (Conhecimento) e provocam a interação entre o voluntário e as pessoas que precisam de sua contribuição (Relacional). Como seres humanos, temos nosso organismo funcionando de forma integrada. Por isso, este desenvolvimento também integrado possibilita ganhos mais sustentáveis e saudáveis.

* O nome Jornada Ôntica está relacionado a fazer uma viagem para dentro de si e sua essência para ampliar a consciência do todo.
** O nome 36,5° está relacionado à temperatura normal do corpo humano, ou seja, é o que nos torna iguais, independentemente da etnia, religião ou classe social.

 

Celso Braga
*Celso Braga é fundador e diretor da Bridge Soluções em Desenvolvimento Humano