ABRH Brasil

Por Valdirene Soares, diretora de RH da Bradesco Seguros

A cada ano, mudanças acontecem no mercado, nas profissões e dentro das organizações. Grande parte dessas mudanças são associadas ao processo de transformação digital que o mundo vive. A tecnologia sempre se mostrou presente nos principais marcos de transformação da humanidade. A Revolução Industrial, por exemplo, – século XIX – trouxe mudanças estruturais nos meios de produção e, consequentemente, nas relações com o trabalho, surgiram novas modalidades, funções e habilidade profissionais.

No decorrer dessas revoluções, à medida que os avanços tecnológicos acontecem, o fator humano evolui paralelamente.  No caso da inteligência artificial, inúmeras são as possibilidades de interações mais rápidas e eficientes entre as pessoas, o que não exclui a importância de aspectos inerentes ao ser humano como empatia, adaptalidade, inteligência emocional, entre outras. Por isso, considerando o passado, o presente e o futuro, compreendo que as habilidades interpessoais são indispensáveis em qualquer fase de evolução do mundo, o que faz o aprimoramento delas ser considerado um dos principais métodos para desenvolver profissionais hoje.

As pessoas que trabalham nas organizações de hoje não são os mesmos que saíram de casa para trabalhar no dia 11 de março de 2020, quando a Covid-19 foi oficialmente caracterizada como uma pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde). E não dá para pensar no futuro do trabalho sem avaliar quem é o profissional que permanecerá e conseguirá atuar frente a todas as mudanças. E como as companhias podem atuar em favor desses profissionais.

Para além da tecnologia, o olhar humano também passa por transformações estruturais. Uma pesquisa da Mckinsey, publicada no ano passado, indicou que até 2025 50% da força de trabalho precisará ser retreinada porque novas competências surgirão nos próximos anos. O que nos leva a dois importantes fatores para o mercado de trabalho do futuro: a exigência de habilidades interpessoais e o investimento em capacitação e novas formas de aprendizado, o famoso “lifelong learning”- aprendizado contínuo.

A consolidação desses fatores como fenômenos globais no mundo do trabalho ficou clara no último relatório do ‘Fórum Econômico Mundial’. A Organização divulgou uma série de habilidades em alta e colocou aprendizagem ativa e estratégia de aprendizado como destaque. Nesse caso, o desenvolvimento de habilidades como resiliência, liderança, protagonismo, agilidade, capacidade cognitiva e inteligência emocional se mostram tão importantes quanto a mentalidade digital e o conhecimento em tecnologia. Cabe às organizações capacitar e criar oportunidades e mecanismos para que esses profissionais se desenvolvam nesse aspecto.

No Grupo Bradesco Seguros, por exemplo, temos investido nesse processo desde o início da pandemia. Disponibilizamos diversas ferramentas e iniciativas, como trilhas de capacitação corporativas, com foco no aprimoramento de competências. Realizadas também para as lideranças, envolvendo vertentes de cultura e arte. Mesmo com a distância física imposta, a seguradora manteve o contato próximo com funcionários e parceiros comerciais, foram cerca de 500 mil participações em ações de capacitação apenas em 2021. Temos também uma série de outros treinamentos que focam em bem-estar e autoconhecimento, como o treinamento de mindfulness e conteúdos para gestão de emoções.

Pensando nos jovens talentos, o Grupo lançou novos programas de Estágio e Trainee para profissionais que querem construir carreira dentro da seguradora. Em ambos os programas os talentos contarão com uma jornada de desenvolvimento robusta e inovadora. Os trainees participarão de uma trilha focada no aprimoramento de habilidades que os tornem especialistas e/ou gestores.

Em suma, as organizações devem estar preparadas para desenvolver talentos para o futuro. E há uma expectativa clara dos profissionais que ingressam no mercado. As novas gerações buscam organizações que tenham propósito e enxerguem o papel dos negócios para a sociedade. Assim como os profissionais, empresas precisam se reinventar.

Um grande aprendizado com todas as mudanças e inovações tecnológicas, que surgem para revolucionar o mercado de trabalho, é que as organizações são feitas de pessoas e, por isso, o profissional do futuro deve estar habilitado para lidar com as transformações sociais estruturais que estão em curso. Cuidar de gente significa qualificá-las para lidar consigo mesmas e suas potencialidades.

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