Levantamento foi realizado pela ABRH-Brasil e pelo grupo de estudos Go All
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se nada mudar, em poucos anos uma pessoa em cada cinco terá câncer. E um levantamento realizado com 261 profissionais de RH pela ABRH-Brasil e o Go All, grupo de trabalho sem fins lucrativo, constatou que a maioria das empresas brasileiras – quase 60% -, não possui práticas de prevenção, acompanhamento e tratamento de câncer de seus funcionários.
Das companhias que têm algum programa nesse sentido, 20% oferecem serviços não diretamente relacionados ao câncer, como check-ups (73,58%) e programas abertos de educação para saúde (71,7%).
O estudo revelou também que 55% apoiam os colaboradores com doenças graves, e as iniciativas mais comuns são o aconselhamento específico (36%) e a flexibilização nas condições de trabalho (33%).
Ainda que quase 60% dos respondentes afirmem que a flexibilização é a iniciativa mais relevante a oferecer em prol de pacientes e dependentes com câncer, essa é apenas uma das frentes de atuação sob responsabilidade das empresas.
Outro fator importante diz respeito ao apoio emocional que o paciente deveria receber no ambiente de trabalho. “Quanto mais a pessoa se sente amparada – pela empresa, pelos seus gestores e colegas –, melhor o processo de tratamento e reinserção à vida”, afirmou Paula Kioroglo, psicooncologista do Hospital Sírio Libanês, durante um painel sobre saúde realizado na quinta-feira (27), no WTC, em São Paulo, durante o 5º Congresso Brasileiro Todos Juntos Contra o Câncer.
Ao lado dela, estiveram Luiz Edmundo Prestes Rosa, diretor de Desenvolvimento de Pessoas da ABRH; Alexandre Toscano, gerente médico da Pirelli do Brasil; Rafael Kaliks, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein; Fabio Romano, coach de saúde e coordenador do Programa Survivorship do HIAE; e Maria Carolina Rinaldi, paciente oncológica.
Para Preste Rosa, o levantamento confirma a necessidade de um olhar mais cuidadoso das empresas. “O RH tem que saber olhar nos olhos das pessoas e escutar, para melhor entender e atender os seus quadros”, afirmou. “Muitos profissionais de RH são pressionados a ajudar suas empresas a superarem crise econômica e, com isso, estão se comportando mais como executivos de finanças do que com pessoas que deveriam cuidar do que é humano nas organizações”, prosseguiu.
Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 10,73% possuem pleno conhecimento sobre o contexto e a incidência do câncer no país, enquanto 35,25% não têm nenhum conhecimento ou apenas informação limitada sobre o tema.
ORIENTAÇÕES PRÁTICAS
Ao final do evento, foram elencadas as principais recomendações às empresas na condução desse tema. São elas:
- Adoção de programas de conscientização e educação sobre fatores de risco.
- Qualificação de médicos do trabalho que realizam checkups, de maneira a potencializar o atendimento, tornando-o uma prática de cuidado integral do colaborador.
- Criação de programas estruturados para lidar com colaboradores e familiares com câncer, dando particular atenção ao treinamento de gestores e a iniciativas que ofereçam conforto psicológico e segurança financeira aos pacientes.
- Adoção de políticas para recolocação desses colaboradores (e seus familiares que deixam o trabalho para acompanhar a jornada do paciente), como forma de não desperdiçar talentos e de contribuir com os sentimentos de pertencimento e capacidade produtiva, tão importantes à qualidade de vida.