ABRH Brasil

Vídeo mostra, em entrevista de emprego virtual, recrutadores serem surpreendidos

O Plano de Menina, projeto social que tem como objetivo dar voz e oportunidades a meninas da periferia do Brasil, se uniu à agência BETC/Havas para criar o movimento #SalarioIgual, voltado aos órgãos públicos, empregadores e sociedade para que reflitam e promovam iniciativas positivas a fim de contribuir para a igualdade salarial entre homens e mulheres.

Pesquisas mostram que para mulheres conquistarem os mesmos salários que os homens, as mesmas precisam iniciar sua vida profissional 10 anos antes, ou seja, a conta não fecha, como mostra a campanha que traz a personagem Heloisa Teodoro, estudante de 10 anos e aluna do Plano de Menina. Em vídeo, a menina questiona recrutadores de empresas sobre os privilégios de gênero (assista ao vídeo acima).

“Iniciamos o movimento #SalarioIgual junto com milhares de meninas de nosso projeto e convocando todas as meninas e responsáveis por elas a se unirem a nós em busca de mudança e de um futuro em que mulheres tenham as mesmas oportunidades. O Plano de Menina prepara as meninas para ocuparem seus espaços e serem protagonistas de suas histórias, mas as empresas e a sociedade estão preparadas para dar espaço para esta menina e valorizar sua potência?”, diz Viviane Duarte, fundadora do Plano de Menina. “Uma menina que tem autonomia financeira pode mudar para melhor, além de sua história, todo seu entorno e o PIB de seu país”, completa.

A DESIGUALDADE EM NÚMEROS

No Brasil, em todas as classes sociais, as mulheres ainda ganham menos que os homens mesmo assumindo cargos iguais e com as mesmas competências ou até maior competência que o gênero masculino.

De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), relativa ao 4º trimestre de 2018, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego no período foi de 11,6%, mas com diferenças significativas entre homens (10,1%) e mulheres (13,5%). A diferença ocorreu nas cinco regiões do país, com destaque para o Norte, onde a diferença entre homens e mulheres foi a maior (22,9 pontos percentuais), e para o Sudeste, com a menor diferença (17,7 p.p.).

E no estudo País Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras, produzido pela Oxfam Brasil, em 2018 com dados de 2017, a diferença de salários entre os gêneros atinge todas as classes sociais. As mulheres receberam 70% dos rendimentos dos homens. Isso significa 30% a menos pagando os mesmos impostos e desempenhando as mesmas funções.

No recorte do estudo que considera os 50% da população brasileira mais pobres, as mulheres tiveram renda equivalente a 75% da média obtida pelos homens. Na classe mais rica, ou seja, a parcela de 10% dos trabalhadores, a variação foi ainda pior. Em 2017, as mulheres receberem o equivalente a 60% dos salários dos homens; em 2016, foram 69%.

Os pesquisadores dizem que a estrutura cultural do brasileiro, o machismo e preconceito são os principais responsáveis por esta disparidade. Quando se trata de mulheres negras, os números são ainda mais alarmantes e a disparidade, ainda mais cruel. De acordo com a pesquisa O Desafio da Inclusão, realizada pelo instituto Locomotiva em 2017, o salário de uma mulher negra com o ensino superior concluído é, em média, R$ 2,9 mil. Para efeito de comparação dentro desse cenário, o de mulher branca é R$ 3,8 mil; o de um homem negro, R$ 4,8 mil; e o de um homem branco, R$ 6,7 mil.

Além do vídeo, o movimento #SalarioIgual conta com eventos com empregadores e empresas, iniciativas de acionamento de políticas públicas entre outras ações durante todo ano, visando que empresas e órgãos públicos possam aderir a mudanças e se tornar parceiros desta causa.

Criado em 2016 pela comunicóloga e jornalista Viviane Duarte, o Plano de Menina ministra cursos técnicos, workshops e outras iniciativas para que as meninas acessem espaços na sociedade onde possam ter oportunidades e crescimento profissional, assim como autonomia por meio de crescimento profissional. O projeto conta com uma rede de voluntária de diferentes áreas do conhecimento como juízas, promotoras de justiça, publicitárias, economistas, empreendedoras, executivas, engenheiras, médicas, entre outras que ministram aulas com temas como autoestima, educação financeira, carreira, programação, empreendedorismo, direitos, entre outros temas.

Neste mês, o Plano de Menina se torna instituto e promoverá diversas ações ao longo dos próximos meses, com atuação em 10 estados brasileiros.