Ser multitarefa pode ser prejudicial aos profissionais à medida que interrupções constantes geram tristeza, medo e contribuem para a criação de um ambiente de trabalho tenso, segundo um estudo recente da Universidade de Houston. Publicado em abril, ele buscou entender o que influencia as emoções dos profissionais durante as tarefas de trabalho. Os pesquisadores, que também incluem profissionais da Universidade da Califórnia e da Texas A&M University, utilizaram um algoritmo para analisar a manifestação de emoções no rosto de profissionais durante um trabalho de escrita. Parte dos participantes foi interrompido uma vez para responder no início da sessão de escrita a alguns emails. A distração ao qual foram submetidos na tarefa principal foi restrita. O outro grupo, por sua vez, era frequentemente interrompido e solicitado a responder aos e-mails imediatamente.
De acordo com Loannis Pavlidis da Universidade de Houston e autor principal do estudo, os resultados indicam que os profissionais, que precisaram ser multitarefas e conciliar a tarefa da escrita à resposta dos e-mails, mostraram-se mais apreensivos e tristes do que aqueles que estavam a maior parte do tempo focados em um único trabalho. “Ser multitarefa impõe uma carga mental pesada que está associada a um aumento de estresse e parece desencadear uma certa tristeza. A questão do medo que vimos provavelmente está enraizado na antecipação, subconsciente, de quando ocorrerá a próxima interrupção”, diz o pesquisador.
No caso, por exemplo, dos trabalhadores que precisaram parar e responder o e-mail apenas uma vez, houve a manifestação de um elemento de raiva, mas prováveis efeitos emocionais negativos não perduraram por muito tempo após os e-mails serem respondidos. Na análise deles, o caráter “onipresente e contínuo” da prática multitarefa é que desencadeia uma série de emoções negativas nos profissionais e o que pode gerar um ambiente de trabalho tenso. O recomendandado é que as organizações atentem-se às práticas multitarefas para criar um ambiente de trabalho mais coeso e positivo. Pavlidis indica que uma pergunta que elas poderiam fazer atualmente seria avaliar o efeito emocional de ser multitarefa no home office, durante a pandemia da covid-19.
Matéria do Valor Econômico