Os desafios e oportunidades de uma geração imediatista no mundo do trabalho

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por Rodrigo Dib, superintendente Institucional e de Inovação do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE e especialista em empregabilidade jovem

O Brasil está entre os países que mais passam tempo conectados, de acordo com a pesquisa Consumer Pulse, da consultoria Bain & Company. Em média, os brasileiros ficam online cerca de 9 horas por dia, sendo mais de 3 horas dedicadas apenas às redes sociais, um índice que supera a média global. Esse hábito, que já se consolidou de forma cultural, tem impactos diretos na forma como consumimos informação, nos relacionamos e, consequentemente, encaramos o mundo do trabalho.

A lógica das redes sociais é pautada pela rapidez, pela instantaneidade e pelo fluxo contínuo de estímulos. Essa dinâmica não é exclusiva dos jovens, ela atravessa toda a sociedade e vem influenciando a nossa forma de aprender, interagir e projetar o futuro. No mundo do trabalho, esse contexto traz implicações importantes. Enquanto a realidade digital ensina que tudo pode ser obtido em segundos, muitas estruturas corporativas funcionam de forma diferente, com processos mais demorados e hierarquias tradicionais.

A pressa por resultados imediatos também influencia a forma como as pessoas se relacionam e colaboram. Jovens profissionais acostumados à velocidade do mundo digital esperam feedback constante, respostas rápidas a demandas e clareza sobre suas contribuições. Quando esses elementos não estão presentes, pode surgir uma sensação de desconexão, o que pode impactar diretamente o desempenho e a motivação. A desproporção entre essas velocidades pode gerar ansiedade, frustração e até mesmo desengajamento.

Na educação, o cenário não destoa muito. Enquanto estudantes estão imersos em redes sociais e aplicativos que oferecem aprendizado rápido e interativo, muitas instituições de ensino ainda funcionam com metodologias que mudaram muito pouco nos últimos anos. Isso só evidencia que é preciso repensar formatos e métodos. Trilhas digitais e experiências práticas como programas de estágio são alguns exemplos que podem trazer consistência no aprendizado sem abrir mão da agilidade que o mundo contemporâneo demanda.

Por outro lado, é válido destacar que o imediatismo que permeia essa nova geração também traz oportunidades que podem ser valorizadas no trabalho. Jovens que cresceram lado a lado com a tecnologia e suas rápidas transformações tendem a ser mais adaptáveis, atentos e criativos, competências essenciais dentro do mundo em que vivemos, com mudanças a todo momento. Cabe às empresas reconhecer esse potencial e criar condições para que ele floresça. Feedbacks contínuos, planos de desenvolvimento claros, programas internos que conectam diferentes gerações e transparência sobre oportunidades são algumas iniciativas que ajudam a transformar essa urgência em motivação.

O desafio, portanto, não é conter a juventude, mas sim ajustar sistemas e práticas para que dialoguem com ela. O imediatismo não vai desaparecer, porque ele é parte de um tempo em que vivemos todos, não apenas os jovens. O que podemos buscar é equilíbrio: unir velocidade e profundidade, inovação e consistência, tecnologia e humanidade. Desta forma, como um trabalho em equipe, teremos não apenas jovens mais preparados, mas também organizações mais fortes e resilientes diante das mudanças que continuam a acelerar.

Por: ABRH Brasil

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